Fundo imobiliário volta a comprar lojas no Vila Franca Centro e já é dono da maioria do espaço

Depois de um primeiro negócio em Abril deste ano, o empresário Jaime Antunes voltou a reforçar a sua carteira de imóveis comprando a totalidade da massa insolvente da Circuitos, a empresa que geria o centro comercial de Vila Franca de Xira. Com a operação já é dono de 56% do condomínio do edifício.
A Wizardirection, fundo imobiliário gerido pelo empresário Jaime Antunes, comprou há uma semana a massa insolvente da empresa Circuitos, que geria o agora devoluto Vila Franca Centro, em Vila Franca de Xira. Com este negócio o investidor já é dono de 56% do imóvel, o que vem facilitar a concretização de soluções para o espaço. O negócio foi confirmado a O MIRANTE por Jaime Antunes, que explica que a aquisição foi feita por negociação directa com o administrador de insolvência da Circuitos, que há cinco leilões consecutivos não conseguia encontrar interessados. O pacote inclui lojas e arrecadações.
“Já tínhamos comprado um pacote de fracções que eram de um fundo, o que representava pouco mais de 40% do condomínio. Com aquisições posteriores que fizemos entretanto, algumas delas ao Santander e com a compra da massa insolvente da Circuitos, que são 18 fracções, já temos a maioria do condomínio”, confirma o empresário, que mantém a vontade de dar uma nova vida ao edifício do antigo espaço comercial, que é uma chaga visual produtora de insalubridade no centro da cidade.
“Temos já vários contratos-promessa de compra e venda feitos com outros proprietários individuais, pelo que a nossa presença no centro comercial vai aumentar e continuamos a fazer esforços para descobrir os restantes proprietários para tentarmos negociar com cada um deles”, explica a O MIRANTE.
Actualmente, falta apenas à Wizardirection conseguir adquirir o estacionamento subterrâneo - que é propriedade municipal - e várias pequenas fracções que ainda são de diferentes proprietários. “Em 2022 a câmara pensou comprar o centro comercial e propôs pagar pouco mais de 40 euros o metro quadrado, com base numa avaliação de um milhão de euros. Neste momento estamos a comprar aos proprietários e a oferecer valores com base numa avaliação que fizemos do edifício no valor de três milhões de euros”, revela.
Esta é, no entender do empresário, a maior hipótese nos últimos vinte anos de desbloquear e resolver o problema do degradado e insalubre edifício, que está expectante e a dar uma má imagem à cidade. “Tal como está hoje é uma vergonha”, lamenta Jaime Antunes, dizendo esperar também a colaboração do próximo executivo municipal para continuar a dar um novo rumo ao espaço.
Circuitos abriu insolvência em 2016
A Circuitos, empresa que geria e detinha a propriedade de muitas lojas do centro comercial, nascida no berço da antiga Obriverca, a construtora do edifício, entrou em processo de insolvência em 2016, três anos depois das portas do centro comercial fecharem e de já não conseguir pagar a luz e a água das instalações. A insolvência foi requerida pelo então Banco Popular, o maior credor da empresa e que chegou a ter um balcão a funcionar na parte exterior do Vila Franca Centro. Entre os principais credores da Circuitos, recorde-se, estavam os bancos, a empresa de vigilância PSG e os Serviços Municipalizados de Água e Saneamento de Vila Franca de Xira.
Aquando do anterior negócio de Jaime Antunes no centro comercial, em Abril, o município não exerceu o direito de preferência, numa proposta que nunca foi a reunião do executivo por ser uma competência delegada no presidente da câmara. A câmara já tinha aprovado também uma isenção do Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis (IMT) para quem comprar ou vender lojas naquele centro comercial, visando incentivar os proprietários das lojas devolutas a poderem vender as fracções sem pagar tantos impostos. Além disso, recorde-se, o presidente da câmara, Fernando Paulo Ferreira (PS), já tinha manifestado intenção de vender, a quem comprar a maior parte dos imóveis do antigo centro comercial, os dois estacionamentos subterrâneos de que é proprietária no centro comercial, que custaram em 2019 cerca de 200 mil euros ao erário público.
Um mono no centro da cidade
O Vila Franca Centro foi edificado em 1994 e funcionou durante duas décadas. Ficou na história por ter a primeira sala de cinema do país a estrear a tecnologia de imagens de grandes dimensões (IMAX), mas foi sucessivamente definhando por causa do modelo de negócio adoptado, de lojas vendidas a particulares ao invés de uma rotação de negócios como existe nos centros comerciais actuais. Em 2013 já só tinha duas dezenas de lojas abertas. O espaço fechou definitivamente em Outubro desse ano e assim continuou até hoje.