Alunos do secundário em Santarém dizem que aprender a lidar com a pressão é um dos grandes desafios

O MIRANTE conversou com alguns alunos que frequentam o secundário em Santarém sobre os desafios do futuro e como é estar perto de tomar decisões que podem mudar o rumo da sua vida.
Estudar em Santarém é, para a grande maioria dos alunos do secundário, uma boa preparação para o futuro, nomeadamente no ensino superior e no mercado de trabalho. O MIRANTE assinala o início deste ano lectivo com uma conversa com alguns alunos do secundário realizada à porta das Escolas Sá da Bandeira e Ginestal Machado, dois estabelecimentos de ensino de referência no concelho. Os alunos têm todos opiniões diferentes em relação a várias matérias, mas há uma coisa em que estão em sintonia: o ensino devia ser menos teórico e mais prático e aprender a lidar com a pressão, seja dos pais, professores, ou deles próprios, é um dos grandes desafios a ultrapassar.
Francisca Albino, de 16 anos, é aluna do Liceu Sá da Bandeira. Esteve um ano em Ciências e Tecnologias, mas decidiu a meio mudar e escolheu seguir Economia, uma vez que quer seguir Gestão de Empresas ou Finanças no Ensino Superior. Diz que a pressão por parte dos pais é uma das grandes questões com que está a aprender a lidar, embora reconheça que também funciona como motor para obter um bom aproveitamento escolar. A relação com os professores da escola, garante, é boa e um dos elogios que não deixa de fazer é que quase todos os docentes, salvo raras excepções, têm interesse pela aprendizagem dos alunos e preocupam-se quando há maiores dificuldades. Embora reconheça que a prática é muito importante como preparação para o mercado de trabalho, Francisca Albino confessa que prefere um estilo de ensino mais teórico.
Letícia, Maria Luísa e Carlota têm 17 anos e também estudam no Liceu Sá da Bandeira, na área de Ciências e Tecnologias. Estão no último ano do secundário e, no meio de algumas indecisões e mudanças, gostavam de seguir Medicina e Ciências Farmacêuticas. Afirmam que a pressão que sentem não vem nem dos pais nem dos professores: é auto-imposta. O facto de terem de lutar, muitas vezes, por décimas, é “assustador” para quem tenta dar o melhor de si enquanto gere a vida para além da escola. As três jovens destacam as aulas nos laboratórios como sendo as mais proveitosas para pôr em prática aquilo que aprendem nas aulas teóricas. Lamentam, ainda, não haver mais oportunidades de o fazerem de forma mais leve e sem o peso de terem de estar sempre a aprender as bases teóricas.
O caso de João Dias é diferente do habitual. O jovem de 17 anos, também estudante no Liceu Sá da Bandeira, tem o sonho de ser piloto. Como segunda opção, pensa seguir o curso de Gestão. Por isso, a questão das médias só é uma preocupação se não passar nos exames de acesso à pilotagem. Confessa sentir pressão por parte dos pais e professores, que sabem que ele tem muito potencial por explorar. João também sabe que poderia ter melhores resultados se se esforçasse mais. Tal como as suas colegas, menciona o excesso de teoria presente no curso de Ciências e Tecnologias, defendendo que deveriam existir mais aulas no laboratório para aprofundar e assimilar conhecimentos.
Outros dois alunos de Humanidades da escola Ginestal Machado, que sonham seguir Psicologia no ensino superior, queixam-se da duração das aulas. Afirmam que é impossível um jovem estar concentrado durante uma hora e meia, pelo que seria mais útil e dinâmico que as aulas fossem divididas em blocos de 50 minutos. Nesta escola, a relação com os professores é boa: dão apoio e motivação, sem pressionar. Sublinham também que os pais desempenham um papel fundamental durante o percurso escolar: como têm o seu apoio, sentem-se mais tranquilos e confiantes, o que se traduz directamente nos resultados obtidos.
Apesar de reconhecerem o valor da formação que recebem, os alunos reiteram a necessidade de se apostar em aulas mais práticas e dinâmicas, que os preparem melhor para a vida real e para o mercado de trabalho. A pressão, seja ela vinda dos pais, professores ou de si próprios, é vista como um desafio constante, mas também como um motor para alcançar objectivos. Em comum, fica a ideia de que a escola não deve apenas formar para exames, mas também criar condições para que os jovens cresçam, experimentem e se preparem para os caminhos diversos que têm pela frente.
