Descargas de resíduos em Boleiros, em Fátima, são um atentado à saúde pública

Na última sessão da Assembleia Municipal de Ourém, uma munícipe em representação da população de Boleiros, Fátima, denunciou riscos para a saúde pública relacionados com descargas de resíduos na aldeia.
Na última Assembleia Municipal de Ourém, Juliana Pereira interveio em nome dos moradores da Avenida Principal, em Boleiros, freguesia de Fátima, denunciando descargas recorrentes de resíduos realizados por uma empresa no centro da aldeia. Considerando a situação insuportável e prejudicial para a qualidade de vida, a munícipe exigiu soluções, às quais o presidente da câmara, Luís Albuquerque, respondeu garantindo que o problema está identificado e deverá ser resolvido em breve.
Segundo a munícipe, os despejos acontecem todos os dias, incluindo fins-de-semana e feriados, muitas vezes logo a partir das seis da manhã. Para além do barulho intenso, que chega a prolongar-se por quase uma hora, os moradores queixam-se sobretudo do cheiro “pestilento” que invade as casas e impede actividades tão simples como abrir janelas, almoçar no exterior ou deixar as crianças brincar na rua. “O cheiro está longe de ser passageiro ou como ‘uma simples ida à casa de banho’, como foi levianamente explicado aos moradores que se queixaram a profissionais da referida empresa ou da Tejo Ambiente”, sublinha. Juliana Pereira alerta ainda para riscos para saúde pública e para o perigo das tampas de esgoto que segundo relata são deixadas abertas durante as operações, atraindo insectos e roedores e colocando em causa a segurança de peões e veículos.
O presidente da câmara, Luís Albuquerque, esclareceu que o problema já é do conhecimento do município e que tem origem na falta de ligação entre a estação elevatória construída pelo município, na entrada de Boleiros, e a estação elevatória da Águas do Centro Litoral (ADCL), entidade responsável pelo saneamento, que recusou até agora essa ligação, alegando falta de capacidade para encaminhar todos os resíduos para a ETAR. Face a essa limitação, a Tejo Ambiente tem recorrido a uma empresa, que se desloca diariamente para retirar os resíduos da estação municipal e encaminhá-los para tratamento. Luís Albuquerque acrescentou ainda que desconhecia que a empresa estaria a despejar os dejectos na aldeia, sublinhando que “seria lógico que o fizessem directamente na ETAR”. Contudo, o autarca garantiu que já reuniu com a ADCL e Tejo Ambiente e que está previsto, “a curto prazo”, avançar-se com obras que permitirão a ligação ao sistema da ADCL, encaminhando os resíduos directamente para a ETAR. Até lá, prometeu dar orientações à Tejo Ambiente para que a empresa evite que as descargas sejam feitas no centro da aldeia, como tem acontecido.
Recorde-se que ao longo dos anos a população de Boleiros também se tem queixado das consequências que o trabalho das pedreiras, situadas nas proximidades da localidade, têm causado à qualidade de vida das pessoas. Tal como O MIRANTE noticiou várias vezes, os moradores de Boleiros, Casal Farto e Maxieira denunciam ruído intenso, poeiras que se acumulam nas casas e culturas, tráfego de camiões dentro das localidades, escolas e zonas residenciais afectadas, tudo elementos que tornam a vida diária insustentável.