Sociedade | 02-10-2025 12:46

Possível fecho de serviços nos Hospitais de Abrantes e Torres Novas gera contestação

Possível fecho de serviços nos Hospitais de Abrantes e Torres Novas gera contestação

Comissão de utentes e partidos políticos contestam possível reorganização do SNS que pode levar ao encerramento de serviços cruciais na ULS Médio Tejo, acfetando 170 mil utentes da região.

A continuidade do serviço de urgência pediátrico de Torres Novas pode estar comprometida caso seja aprovado o novo modelo de reorganziação dos cuidados de saúde agudos das grávidas no Serviço Nacional de Saúde (SNS) proposto ao Governo. O documento, entregue ao Governo pela Comissão Nacional da Saúde da Mulher, prevê ainda que a solução de funcionamento das urgências obstétricas nos hospitais de Loures e Vila Franca de Xira, Leiria e Caldas da Rainha e Santarém e Abrantes passe pela concentração num só serviço ou por fazer rodar as equipas à vez.
O modelo proposto ao Governo não agrada à Comissão de Utentes da Saúde do Médio Tejo (CUSMT) manifestou a sua oposição ao mesmo e alertou que o encerramento dos serviços seria “um retrocesso inaceitável”, reivindicando o reforço dos recursos humanos, a valorização profissional dos trabalhadores do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e a manutenção em funcionamento permanente das cinco urgências hospitalares do Médio Tejo.
Também PS e PSD se manifestaram acerca da possibilidade de encerramento ou mobilização dos serviços do Hospital Rainha Santa Isabem, em Torres Novas, para a unidade de Abrantes. No caso dos socialistas, os deputados eleitos pelo distrito de Santarém questionaram a ministra da Saúde sobre a possibilidade, que rejeitam, de encerramento da maternidade do Hospital de Abrantes e do serviço de urgência pediátrica de Torres Novas.
Em requerimento subscrito por Hugo Costa e Marcos Perestrello, os socialistas querem saber se o Governo tem conhecimento de algum plano de reorganização dos cuidados de saúde agudos destinados a grávidas que contemple a desactivação daqueles serviços na Unidade Local de Saúde (ULS) do Médio Tejo, no âmbito de “recentes notícias públicas e não desmentidas” sobre um plano de reorganização do SNS. “Não podemos deixar de manifestar o nosso repúdio a opções que, em nome de um exercício de racionalização, prejudiquem diretamente as populações e o seu acesso aos cuidados de saúde”, lê-se no documento enviado ao Governo.
Os deputados do PS sublinham ainda que “a mobilidade entre unidades hospitalares nesta área é complexa, dados os tempos de deslocação, os meios de transporte e a dispersão geográfica da região”. No mesmo sentido, o PSD de Torres Novas, lembra em comunicado que “é no contexto de proximidade directa ao Hospital de Torres Novas (Alcanena, Torres Novas, Entroncamento e Vila Nova da Barquinha) que estão mais de 50% de todas as crianças da área de intervenção da ULS Médio Tejo, e que, por exemplo, em 2024, 53% dos nascimentos são de progenitores residentes nestes mesmos quatro concelhos.
“Se é para afastar ainda mais os serviços dos seus utilizadores então é toda a lógica de serviços da ULS Médio Tejo que fica comprometida, pelo que o PSD Torres Novas não aceitará mais esta desqualificação do Hospital Rainha Santa Isabel”, lê-se. Na mesma nota os sociais-democratas ressalvam que “não há [do Governo] qualquer orientação política sobre essa matéria” e que contactada a ULS do Médio Tejo esta “admitiu desconhecer qualquer informação sobre a referida proposta”.
Quanto ao argumento utilizado pelo presidente da comissão criada pela ministra da Saúde para reorganizar as urgências obstétricas, o pediatra Alberto Caldas Afonso, o PSD de Torres Novas afirma que “invocar a descoincidência entre os serviços de obstetrícia não é coerente com o que se passa noutros territórios, com maternidades e serviços hospitalares pediátricos a manterem-se separados, incluindo nas mesmas cidades”.
Comissão de Utentes promete avançar com acções de mobilização
O porta-voz da CUSMT, Manuel Soares, recordou que em 2006 e 2014 a população conseguiu travar intenções semelhantes e garantiu que, desta vez, a mobilização será novamente decisiva. “Temos de defender as populações, o seu bem-estar e o acesso a cuidados de saúde, valorizando o SNS e a região”, afirmou, apelando à "mobilização" de trabalhadores, dirigentes, autarquias, organizações sociais e deputados para um “trabalho coordenado”. Entre as medidas imediatas, a CUSMT vai promover um abaixo-assinado — já em curso e com centenas de adesões —, colocar o tema na agenda da reunião marcada com o conselho de administração da Unidade Local de Saúde (ULS) Médio Tejo a 14 de Outubro, solicitar uma reunião à ministra da Saúde e envolver os novos órgãos autárquicos após a sua tomada de posse. Estão também previstas iniciativas públicas para apresentar as assinaturas recolhidas. “O que está bem é para multiplicar, o que está mal é para corrigir”, afirmou Manuel Soares, insistindo em que “a coesão territorial e o equilíbrio regional não podem ser apenas palavras, mas práticas efectivas para garantir cuidados de saúde de qualidade e proximidade”.
A ULS Médio Tejo dá resposta directa a cerca de 169.270 utentes de Abrantes, Alcanena, Constância, Entroncamento, Ferreira do Zêzere, Mação, Sardoal, Tomar, Torres Novas, Vila Nova da Barquinha e Vila de Rei.

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