Sociedade | 03-10-2025 07:00

Obras em Benavente arrastam-se há meses e comerciantes queixam-se de quebras no negócio

Obras em Benavente arrastam-se há meses e comerciantes queixam-se de quebras no negócio
A Avenida Dr. Francisco José Calheiros Lopes está em obras desde Abril e os comerciantes estão cansados de pó, barulho e reduzida afluência de clientes - foto O MIRANTE

Iniciadas a 1 de Abril, as obras de requalificação da área envolvente ao Centro Cultural de Benavente e da Avenida Dr. Francisco José Calheiros Lopes, em Benavente, têm causado fortes constrangimentos ao comércio local, com denúncias de insegurança, atrasos e quebras de facturação.

As obras de requalificação na Avenida Dr. Francisco José Calheiros Lopes, em Benavente, tornaram-se sinónimo de pó, barulho, insegurança e perda de clientes para quem vive do comércio local. Com início marcado a 1 de Abril e prazo contratual de 150 dias, a intervenção previa-se concluída em Setembro, mas continua em curso e já deixou marcas profundas no tecido económico da zona.
A pastelaria Sabores da Vila, de Cristina e Hugo Branco, é um exemplo das dificuldades sentidas. “O trânsito tem estado fechado desde Abril, não há estacionamento, os passeios ficaram interditos. Foi barulho, pó, máquinas no meio da rua, tudo a causar muito transtorno. Quando mexeram nos passeios foi ainda pior: máquinas, trabalhadores e peões todos ao mesmo tempo, sem segurança”, contam os proprietários, que ainda hoje mantêm na parede da loja o aviso de substituição de condutas que decorria em 45 dias, num processo cujo edital municipal dava 150 dias para a empreitada, mas, como sublinham, “nunca na vida seria possível concluir aquilo em tão pouco tempo”.
A situação chegou a afectar a mobilidade de moradores mais vulneráveis. “Há pessoas que não saem de casa há não sei quanto tempo”, indica Cristina Branco, revelando que é o caso de uma residente invisual. Há duas semanas, exemplifica, encontrou um senhor, também invisual, que tentou atravessar, mas acabou por ter medo de seguir em frente. “O espaço ao longo da obra era inseguro, com buracos, pedras soltas e ausência de passeios transitáveis”, relata Cristina Branco.
Também Elídia Paim, da florista e loja de decoração Casa Paim, fala em “obra chata” que lhe trouxe uma queda abrupta de clientela. “As pessoas não conseguiam estacionar, só havia terra e pó, e a loja ficou suja de uma ponta à outra. Houve uma quebra grande nas vendas”, conta. O mesmo é partilhado por outros estabelecimentos comerciais, como o caso da Jollypet, uma loja de animais situada na mesma artéria, e que a obra tem constituído um transtorno para o negócio.

Assunto discutido em reunião de câmara
As críticas não se ficam pelos comerciantes. A vereadora do PSD na Câmara de Benavente, Sónia Ferreira, denuncia falhas de comunicação e de planeamento por parte da Câmara de Benavente e das empresas envolvidas na obra. “Não houve respeito pelos comerciantes. Cortaram a água sem qualquer aviso. Como pode um café ou um pronto a comer funcionar sem água? Têm de fechar portas. Além disso, a obra não tinha sinalização mínima; os peões entravam directamente na zona de trabalhos e passavam junto a máquinas em funcionamento. É perigoso e inaceitável”, declarou.
Confrontado com as críticas, o presidente da Câmara de Benavente, Carlos Coutinho (CDU), admite que as coisas não têm corrido bem. “As obras não têm decorrido a gosto da câmara. A empresa tem revelado dificuldades em desenvolver os trabalhos nas condições desejadas. Houve derrapagem nos prazos, mas a substituição de condutas e ramais nunca é uma obra fácil”, afirma.
O autarca lembra que a empreitada foi organizada em troços, precisamente para tentar reduzir os impactos. O primeiro troço, entre a Santa Casa da Misericórdia, a Rua Manuel Lopes e a Rua do Pavilhão, está praticamente concluído, faltando apenas asfaltar. Segue-se agora uma segunda fase, até à Estrada Nacional 118. O município procurou gerir a situação com pinças, ouvindo comerciantes e moradores, mas não tem sido um processo fácil.
A empreitada foi adjudicada em Janeiro de 2024 à empresa Decoverdi – Plantas e Jardins, S.A., com prazo de execução de 365 dias e uma prorrogação de 30 dias, fixando a conclusão para Fevereiro de 2025. Contudo, os trabalhos foram suspensos devido a intervenções complementares da Águas do Ribatejo, que avançou em Abril de 2025 com a substituição das condutas de abastecimento e rede de saneamento. Desde então, os prazos derraparam sucessivamente.
Perante o impasse, a câmara ponderou rescindir contrato com a empresa, mas, como explica o edil, “ficaríamos com o menino nas mãos, sem empreiteiro e com novos concursos desertos devido à falta de mão-de-obra no sector”. Assim, a autarquia optou por manter a obra, reservando-se ao direito de aplicar penalizações caso os prazos finais não sejam cumpridos.

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