Obras no Largo João Felício causam prejuízos a empresa de combustíveis em Coruche

A empresa Pereira Rouxinol & Companhia, distribuidora de combustíveis e gás com mais de 25 anos de actividade em Coruche, acusa a câmara municipal de desconsideração e de lhe causar prejuízos significativos devido à morosidade das obras de requalificação do Largo João Felício. O presidente da autarquia, Francisco Oliveira, reconhece os incómodos, mas garante que a intervenção está na fase final e trará benefícios duradouros.
As obras de requalificação do Largo João Felício, em Coruche, abriram um diferendo entre a câmara municipal e a empresa Pereira Rouxinol & Companhia, sociedade distribuidora de combustíveis, lubrificantes e gás com mais de 25 anos de actividade no concelho. A empresa endereçou recentemente uma carta ao presidente da autarquia, Francisco Oliveira (PS), onde manifesta a sua “insatisfação” pelos impactos da obra e pela “total desconsideração” que diz ter sentido por parte do executivo camarário.
Na missiva, que foi também remetida à redacção de O MIRANTE, a gerência da Pereira Rouxinol recorda que já tinha comunicado com o município em 26 de Maio e 14 de Junho de 2025, sem que até agora tivesse obtido qualquer resposta. “Não só ditam as regras da boa educação que toda a carta merece uma resposta, como pensamos que existe um dever do Município de responder às reclamações apresentadas pelos cidadãos que o elegeram”, pode ler-se no documento.
A empresa detalha uma lista de dificuldades que, garante, têm condicionado fortemente a sua actividade desde que os acessos foram bloqueados. Entre os principais problemas apontados estão o ruído constante, as poeiras, os danos em propriedade, a perda de clientes e a consequente quebra de receitas. “Desde o dia 12 de Maio de 2025 que o acesso ao Largo João Felício está encerrado e bloqueado, quando no edital publicado com a mesma data estava previsto um prazo de apenas 30 dias. Já passaram mais de 90 e a situação mantém-se”, sublinha a gerência.
Outro ponto levantado pela Pereira Rouxinol prende-se com a paragem da empreitada durante o mês de Agosto. Apesar de os trabalhos terem estado suspensos, o acesso ao largo continuou condicionado. “Presumimos que as obras foram suspensas para não prejudicar as tradicionais festas em honra de Nossa Senhora do Castelo, mas essas festividades duraram apenas quatro dias, de 14 a 18 de Agosto. Qual a justificação para a suspensão das obras durante mais de um mês?”, questiona a empresa, deixando no ar a ideia de que os prejuízos não se compadecem com pausas prolongadas.
No documento, a empresa acusa o município de ignorar a realidade económica dos pequenos empresários. “Nós não vivemos de festas, mas sim da venda dos nossos produtos. Quanto mais tempo durarem as obras, maiores serão os prejuízos. O vencimento do presidente está garantido pelos impostos dos contribuintes, mas nós temos de vender para pagar salários, despesas correntes e impostos”, afirma. A empresa, que ao longo de mais de duas décadas tem apoiado colectividades e eventos do concelho, considera que a autarquia deveria adoptar medidas para minimizar o impacto negativo da intervenção. “Irá o município manter-se inerte como até agora ou irá compensar de algum modo os comerciantes afectados?”, questiona.
Trabalhos na recta final
Confrontado com as críticas, o presidente da Câmara de Coruche reconhece que os transtornos são inevitáveis, mas defende a importância da obra. “Quando fazemos obras na nossa casa já sabemos que, por vezes, o que está previsto para um mês demora dois. Admito que existe incomodidade, mas o objectivo é um bem maior, nomeadamente a criação de melhores condições de acessibilidade, de estacionamento e de circulação pedonal, eliminando barreiras arquitectónicas e tornando o espaço mais funcional”, afirmou Francisco Oliveira.
O autarca assegura que o município tem procurado acompanhar os trabalhos de perto, em articulação com os técnicos e o empreiteiro, para compatibilizar a actividade económica local com a execução da obra. “Mesmo durante o período das obras, as acessibilidades às habitações e aos espaços comerciais existentes, que na circunstância são apenas dois, têm estado garantidas”, afirmou. Segundo Francisco Oliveira, a intervenção encontra-se na recta final. Já foram concluídas as infra-estruturas de saneamento e de abastecimento de água, bem como a instalação da rede eléctrica. “Neste momento estão a ser preparadas as bases para o assentamento do pavimento. Estou em crer que em breve toda essa situação estará normalizada e ultrapassada”, garantiu.