Utentes de Alenquer criticam Boa Viagem por falhar horários e prestar mau serviço

A supressão da carreira Lisboa-Alenquer pela transportadora Boa Viagem está a provocar descontentamento entre os utentes, que falam em corte “abrupto e sem aviso”. Passageiros denunciam atrasos constantes, viagens de até três horas e autocarros em mau estado. Transportadora nega as acusações e diz que responde às reclamações.
A decisão da transportadora Boa Viagem de extinguir, desde o dia 15 de Setembro, a carreira de autocarro que ligava Lisboa (Campo Grande) a Alenquer, passando por Alverca e Vila Franca de Xira, gerou indignação entre os passageiros. A medida foi justificada pela empresa “devido à reduzida procura” no percurso entre Vila Franca de Xira e Lisboa, mas os utentes falam de um “corte total, imposto de forma abrupta e sem qualquer aviso digno desse nome”.
O serviço agora suprimido era fundamental para trabalhadores e estudantes, referem os utentes, assegurando a correspondência com os autocarros da Ribatejana de manhã e ao final da tarde. Rúben Calvinho lamenta a decisão. “Os trabalhadores de Lisboa, nomeadamente na zona norte, e estudantes que frequentam a Cidade Universitária e residem em Vila Franca de Xira, perderam de um dia para o outro uma dezena de circulações diárias. Restam apenas cinco ligações da linha 2842 da Carris Metropolitana, manifestamente insuficientes para quem precisa de mobilidade em horários diversos”, disse a O MIRANTE.
Incumprimento de horários e viagens longas
O serviço prestado pela Boa Viagem tem vindo a deteriorar-se de forma significativa, garante Ana Dias, que descreve como problemas recorrentes a falta de cumprimento de horários, principalmente nas ligações entre a Labrugeira (Alenquer) e Lisboa. Segundo a utente, os horários da manhã foram mal planeados, obrigando quem sai cedo da Labrugeira a esperar mais de uma hora em Alenquer para conseguir seguir viagem.
“Viagens que chegam a demorar três horas, muitas delas passadas em esperas sem qualquer justificação ou conforto. Más condições dos autocarros com bancos soltos e manutenção negligenciada”, disse a O MIRANTE, lamentando que a empresa ignore as mais de uma dezena de e-mails enviados pelos utentes e não atenda as chamadas telefónicas.
No percurso Abrigada/Lisboa, os problemas repetem-se. “Há autocarros que apresentam diferenças de cerca de 30 minutos na hora de chegada a Lisboa, mesmo partindo quase à mesma hora. Outros apresentam diferenças de até duas horas ou mais. Esta realidade não é pontual: repete-se constantemente, criando confusão entre os passageiros e dificultando a vida de quem depende diariamente deste transporte para trabalhar, estudar ou cumprir compromissos”, acrescenta Ana Dias.
Boa Viagem refuta queixas dos passageiros
Contactada por O MIRANTE, a transportadora diz que o início do período escolar causa sempre “um ajuste significativo da procura e algumas perturbações temporárias na operação”. Ainda assim a Boa Viagem diz que cumpre os horários definidos, “salvo situações pontuais e alheias ao normal funcionamento” como por exemplo trânsito, obras rodoviárias ou acidentes e rejeita as queixas dos utentes sobre as falhas sistemáticas de cumprimento dos horários.
A empresa afirma dispor de motoristas suficientes para assegurar todas as carreiras em vigor e refere que os autocarros cumprem os requisitos legais de idade e inspecções periódicas obrigatórias, encontrando-se em conformidade com a legislação nacional e europeia. “Todos os veículos são alvo de manutenções regulares e inspeções técnicas de forma a garantir o cumprimento rigoroso das normas de segurança”, explicam.
Sobre a idade dos autocarros, a transportadora adianta que está em curso um plano de renovação da frota, “alinhado com as exigências ambientais e de conforto para os passageiros”. Em relação à ausência de resposta aos utentes, afiança que responde a todas as reclamações dentro dos prazos legais. “A Boa Viagem reafirma o seu compromisso em prestar um serviço público de transporte com qualidade, segurança e eficiência, mantendo um diálogo próximo com os utentes e as entidades oficiais”, reitera a empresa.