Compra do devoluto Vila Franca Centro abre “fortes possibilidades” de recuperação do edifício

Presidente da Câmara de Vila Franca de Xira admite que com a nova reorganização da titularidade dos espaços no antigo Vila Franca Centro abrem-se pela primeira vez fortes possibilidades de resolver o problema daquele edifício abandonado no centro da cidade. Mas decisões ou ideias só depois das autárquicas.
A notícia de O MIRANTE sobre a compra, por parte de um fundo imobiliário, da maioria do condomínio do devoluto centro comercial Vila Franca Centro, em Vila Franca de Xira, foi vista com optimismo pelos autarcas da cidade, que admitem pela primeira vez em vinte anos haver uma luz ao fundo do túnel. “Um dos problemas com que nos deparámos era a grande dispersão de proprietários. Ter agora sido anunciado que um único proprietário já tem mais de 50% do condomínio vem, sem dúvida, permitir que se tomem decisões importantes para a reabilitação do edifício”, admitiu o presidente do município, Fernando Paulo Ferreira, na última reunião de câmara.
O autarca havia sido questionado sobre o assunto pelo vereador da CDU, José João Oliveira. O presidente do município optou por não se alongar em explicações, decisões ou ideias para o espaço, devido ao período eleitoral que se vive. Mas ficou no ar a ideia de que, no próximo mandato, independentemente da força política vencedora das eleições, haverá possibilidade de se darem novos rumos ao edifício. O empresário envolvido no negócio, Jaime Antunes, já tinha confessado a O MIRANTE ter esperança que o próximo executivo mantenha a actual postura colaborante da câmara rumo a uma solução.
A Wizardirection, fundo imobiliário gerido por Jaime Antunes, recorde-se, comprou há duas semanas a massa insolvente da empresa Circuitos, que geria o devoluto centro comercial. Com esse negócio o investidor já é dono de 56% do imóvel. A aquisição foi feita por negociação directa com o administrador de insolvência da Circuitos, que há cinco leilões consecutivos não conseguia encontrar interessados. O pacote inclui lojas e arrecadações. “Já tínhamos comprado um pacote de fracções que eram de um fundo, o que representava pouco mais de 40% do condomínio. Com aquisições posteriores que fizemos entretanto, algumas delas ao Santander e com a compra da massa insolvente da Circuitos, que são 18 fracções, já temos a maioria do condomínio”, confirmou o empresário ao nosso jornal.
Jaime Antunes reiterou manter uma grande vontade de dar uma nova vida ao edifício, que é uma chaga visual e um foco de insalubridade no centro da cidade. “Temos já vários contratos-promessa de compra e venda feitos com outros proprietários individuais, pelo que a nossa presença no centro comercial vai aumentar e continuamos a fazer esforços para descobrir os restantes proprietários para tentarmos negociar com cada um deles”, explicava. Esta é, no entender do empresário, a maior hipótese nos últimos vinte anos de desbloquear e resolver o problema.
A Circuitos, empresa que geria e detinha a propriedade de muitas lojas do centro comercial, nascida no berço da antiga Obriverca, a construtora do edifício, entrou em processo de insolvência em 2016, três anos depois das portas do centro comercial fecharem e de já não conseguir pagar a luz e a água das instalações. A insolvência foi requerida pelo então Banco Popular, o maior credor da empresa e que chegou a ter um balcão a funcionar na parte exterior do Vila Franca Centro. Entre os principais credores da Circuitos, recorde-se, estavam os bancos, a empresa de vigilância PSG e os Serviços Municipalizados de Água e Saneamento de Vila Franca de Xira.