Sociedade | 05-10-2025 12:00

Leilão municipal da azeitona mobiliza comunidade e mantém tradição em Abrantes

Leilão municipal da azeitona mobiliza comunidade e mantém tradição em Abrantes
Leilão da azeitona em Abrantes continua a ter procura da comunidade - foto O MIRANTE

Estaleiro Municipal de Abrantes recebeu mais uma hasta pública para a alienação da azeitona dos olivais municipais. A iniciativa, que já decorre há mais de uma década, permite aos interessados licitar lotes espalhados pelo concelho, envolvendo-se na apanha e na manutenção das oliveiras, mantendo viva uma tradição rural no coração da cidade.

O Estaleiro Municipal de Abrantes recebeu mais uma hasta pública para a alienação da azeitona proveniente de olivais municipais. À volta de uma mesa-redonda, cinco interessados disputaram os lotes disponíveis, com lances que começaram nos cinco euros e chegaram aos 65, o mais alto valor registado. O procedimento, que a autarquia realiza há cerca de dez anos, surgiu como forma de valorizar os produtos que crescem em terrenos municipais e, ao mesmo tempo, envolver a comunidade na sua gestão. Não se trata apenas de azeitona: a Câmara Municipal de Abrantes também aliena, através de leilão, madeira, cortiça e pinhas, sempre que se aproxima a altura da colheita ou da extração. Os lotes ficam em espaços urbanos ou sobrantes da autarquia, como parques urbanos, terrenos junto a urbanizações, a Quinta da Água ou até a própria zona industrial. Em edital publicado previamente, são fixadas as regras: os interessados inscrevem-se até à véspera, apresentam os lances em hasta pública e quem oferecer mais leva o direito de explorar o lote.
Os adjudicatários ganham o direito de apanhar a azeitona, mas também a obrigação de realizar uma poda de manutenção mínima às árvores, não podendo mutilá-las nem fazer cortes radicais. Devem ainda transportar a colheita, assegurar a segurança durante os trabalhos e comunicar à autarquia as quantidades recolhidas.
Entre os concorrentes estiveram Virgolino Gomes e Joaquim Gomes, dois abrantinos que participam com frequência neste leilão. Para Virgolino, o valor da tradição supera a dificuldade do trabalho, explicando que fazem a apanha como sempre se fez, “à mão, como é tradicional”, admitindo que dá mais trabalho, mas que, entre conversas, o “tempo sempre passa mais depressa”. Também explica que há quem apanhe a azeitona com máquinas, mas este processo é muito agressivo para as árvores. Joaquim partilha a mesma visão, encarando a iniciativa como uma forma de manter viva a ligação à terra: “estamos reformados e não temos muito para fazer; por isso aproveitamos este leilão e assim também não perdemos a ligação a este trabalho”, refere a O MIRANTE.
Depois da hasta, é elaborada uma acta com os valores oferecidos, que segue para apreciação da vereadora do Ambiente, Celeste Simão. Só depois de aprovada é emitida a autorização para que os compradores possam iniciar a apanha. Caso não haja interessados em certos terrenos – o que acontece sobretudo em anos de menor produção – a manutenção é assegurada pelos serviços municipais. Mais do que uma questão económica, esta iniciativa da câmara é entendida como um modelo de gestão sustentável do património municipal e uma forma de manter vivas tradições rurais em contexto urbano.

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