Sociedade | 06-10-2025 12:00

Médicos avisam para risco de fecho da maternidade do Hospital VFX por falta de profissionais

Médicos avisam para risco de fecho da maternidade do Hospital VFX por falta de profissionais
- foto arquivo O MIRANTE

Serviço de obstetrícia já tinha poucos recursos e agora o colégio da Ordem dos Médicos veio confirmar a perda de idoneidade formativa do serviço, com muitos internos em risco de sair em Janeiro para outras unidades. Caso veio a lume numa semana em que um médico da urgência foi criticado por atender utente enquanto via jogo de futebol no telemóvel.

Onde há fumo costuma haver fogo e a urgência de obstetrícia de Vila Franca de Xira corre mesmo o sério risco de vir a fechar portas nos próximos meses devido à falta de médicos especialistas, num serviço que há muito sofre com falta de recursos. O alerta para o “sério risco” de encerramento da valência veio a lume na última semana, depois da Comissão Nacional de Saúde da Mulher, Criança e Adolescente (CNS) ter entregue à ministra da Saúde uma proposta, já com parecer favorável do colégio da especialidade da Ordem dos Médicos, avisando que o hospital, tutelado pela Unidade Local de Saúde (ULS) Estuário do Tejo, liderada por Carlos Andrade Costa, corre o risco de perder a idoneidade formativa do serviço de ginecologia. O que, na prática, significa que os médicos que estão a fazer o internato de especialidade poderão ter de sair para outros hospitais da região já no início do próximo ano. Em cima da mesa pode estar a mobilização dos profissionais para o Hospital de Loures, situado a 40 quilómetros.
Isto, curiosamente, no mesmo mês em que a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, garantiu em Vila Franca de Xira que o serviço não ia fechar portas, embora tenha admitido estudar a rede de referenciação das urgências de obstetrícia, tendo reconhecido a necessidade de partilhar recursos. O bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, já tinha dito que a situação na obstetrícia do Hospital VFX é grave e que o risco do fecho das urgências de obstetrícia, que tem um quadro composto por três especialistas, é “muito sério”. Aquele serviço é, de resto, um dos que foi identificado como vulnerável na proposta de reorganização das urgências. Caldas Afonso, presidente da CNS, também já veio dizer publicamente que a solução para as urgências obstétricas de VFX tem de avançar rapidamente, por ser um serviço “quase sempre fechado e que fechará naturalmente”, afirmou.
Durante a visita da ministra da Saúde a VFX, ficou a saber-se nos corredores que o Governo está a preparar uma alegada substituição na administração do hospital. Perante os casos recentes, O MIRANTE questionou Carlos Andrade Costa se este está disponível para se demitir do cargo mas a pergunta ficou sem resposta. O hospital diz, contudo, desconhecer “em absoluto” qualquer documento acerca do seu serviço de obstetrícia, “emitido seja por quem for”. E garante que está a decorrer um processo de contratação de quatro especialistas em obstetrícia para o hospital e a reforçar o serviço através da contratação de mais médicos tarefeiros para essa especialidade.

Aberto inquérito a médico que via futebol durante urgência

Na última semana um doente deu entrada nas urgências do hospital com uma dor aguda no ombro direito e acabou por sair sem ter o diagnóstico completo realizado, tendo de recorrer a um hospital privado para poder ter o problema de saúde resolvido. O que lhe custou mais de 700 euros. O caso aconteceu depois de o doente ter alegado que o clínico que o observou terá falhado no diagnóstico por, segundo disse, se encontrar a ver no telemóvel um jogo de futebol do campeonato inglês. O doente acabou por ter alta depois de fazer uma radiografia no hospital e ter recebido uma receita para analgésicos. Quatro horas depois, como a dor se tornou insuportável, foi a um hospital privado onde lhe foram passados exames adicionais que permitiram identificar que afinal sofria de capsulite adesiva, o chamado “ombro congelado”. O diagnóstico desta patologia é geralmente feito recorrendo a tomografia axial computadorizada ou ecografia. O tratamento é baseado em anti-inflamatório e fisioterapia.
A O MIRANTE, o hospital reage informando que abriu um inquérito ao caso para averiguar todas as circunstâncias do atendimento. “Não houve qualquer erro de diagnóstico no atendimento ao utente. Seguiu rigorosamente os protocolos clínicos estabelecidos para estes casos: foi realizada uma radiografia, foram prescritos medicamentos anti-inflamatórios e analgésicos fortes, assim como comprimidos anti-náuseas, para controlar os efeitos secundários. O médico do Serviço de Urgência, no cumprimento dos protocolos clínicos previstos para estes casos, recomendou vivamente ao utente que procurasse uma consulta da especialidade de ortopedia, disponível no SNS”, explica o hospital.
Ainda segundo a unidade de saúde, os exames realizados no hospital privado apenas podem ser realizados no quadro de uma consulta da especialidade de ortopedia. “O utente em causa já voltou a ser atendido no HVFX”, acrescenta, dando nota que só este ano as urgências já atenderam 75.750 utentes, o que corresponde a uma média diária de quase 300 consultas.

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