CRIA queixa-se da falta de apoio e Manuel Valamatos diz que instituição está a servir de arma de arremesso político

Centro de Recuperação e Integração de Abrantes quer apoio do município para criar residências inclusivas e aquisição de um autocarro para o transporte de utentes. Presidente do município diz que o momento não é o certo e lamenta que o CRIA esteja a servir de arma de arremesso político.
O presidente do Centro de Recuperação e Integração de Abrantes (CRIA), Vítor Moura, que também é vereador eleito pelo PSD na Câmara de Abrantes, usou da palavra no período de intervenção do público na reunião de 29 de Setembro, para se queixar de ser ignorado pelo executivo de maioria socialista nos pedidos de contacto que endereçou por escrito. O dirigente lamentou também a falta de apoios directos à instituição que presta apoio a pessoas com deficiência. Vítor Moura questionou os valores apresentados pela câmara municipal nas transferências para a instituição, alegando que uma parte significativa corresponde a programas sociais atrasados ou transferências da Segurança Social, e não a apoio directo.
Em declarações a O MIRANTE, Vítor Moura explicou que em causa estão pedidos de apoio ao município que não tiveram resposta, nomeadamente ajuda na aquisição de habitações para integrar em projecto futuro com financiamento do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para a construção de residências autónomas inclusivas. O projecto, sublinhou, visava dar resposta à lista de espera de utentes para regime residencial que ascende às sete dezenas.
Outro dos pedidos de apoio que, segundo o presidente da direcção do CRIA, não teve resposta prende-se com o transporte dos utentes. “O nosso autocarro tem 20 anos e mais de 700 mil quilómetros”, sublinhou, explicando que a instituição precisa de apoio para a aquisição de nova viatura. O CRIA, salientou, dá resposta a utentes de três concelhos - Abrantes, Sardoal e Mação -, sendo que os municípios destes dois últimos apoiam no transporte dos seus utentes. “Onde estão essas respostas por escrito que me permitiriam não vir aqui na véspera das eleições?”, questionou o presidente do CRIA na reunião pública, lembrando que as reuniões solicitadas foram canceladas “na véspera” e nunca reagendadas. “Fiz seis emails e tive resposta zero, nunca me responderam. Agora, o mandato está a acabar e tive de tocar a sirene”, sublinha ao nosso jornal, rejeitando que esteja a tentar tirar aproveitamento político da situação.
“O CRIA não merece ser utilizado politicamente”
Vítor Moura alegou ainda que foi ameaçado pelo presidente do município, Manuel Valamatos (PS), que, em resposta, reafirmou o reconhecimento pelo trabalho do CRIA, sendo esta, segundo o autarca, “uma instituição absolutamente extraordinária, com profissionais de excelência”. E garantiu que “jamais” colocaria em causa a integridade física do dirigente. Lamentou ainda que se misturem assuntos pessoais, políticos e institucionais e insistiu que “o CRIA não merece ser utilizado politicamente por quem quer que seja”.
Sobre as residências inclusivas, o presidente da Câmara de Abrantes disse em resposta a O MIRANTE que tem estado atento ao assunto e em conversações com o Instituto da Segurança Social, sublinhando que, neste momento, não existem avisos abertos. Além de que, vincou, o CRIA não tem sequer um projecto elaborado. Quanto ao pedido para a compra de um novo autocarro, o autarca socialista referiu que “não é pedir e já está”, afirmando que o CRIA “não precisa desesperadamente de um”. Salientou ainda que o município tem ajudado como pode, dando como exemplo a disponibilização de uma viatura municipal quando o autocarro da instituição sofreu, no ano passado, uma avaria.
Manuel Valamatos reiterou que lamenta que Vítor Moura esteja a utilizar o CRIA como arma de arremesso político à porta das eleições autárquicas. “Andou quatro anos e agora é que se lembra destas coisas. É absolutamente lamentável”, concluiu.