Sociedade | 13-10-2025 21:00

Furtos em residências duplicam em Coruche e segurança volta ao debate público

Furtos em residências duplicam em Coruche e segurança volta ao debate público
Manuel Oliveira partilhou com o executivo municipal de Coruche a sua preocupação relativa à onda de furtos em habitações - foto O MIRANTE

A duplicação do número de furtos em residências no concelho de Coruche, confirmada pela GNR, corrobora o alerta de um munícipe que interpelou directamente o executivo camarário, pedindo medidas urgentes, como a instalação de câmaras de videovigilância.

Entre 1 de Janeiro e 15 de Setembro de 2025 foram registados 20 furtos em residências no concelho de Coruche, contra 10 no mesmo período de 2024, de acordo com dados revelados pela GNR a O MIRANTE. Apesar dos números oficiais, o sentimento de insegurança é cada vez mais evidente. A preocupação com a segurança pública dominou a última reunião de câmara em Coruche, depois de Manuel Jerónimo Alves de Oliveira, residente no concelho, ter alertado para o “estado de medo” que se instalou entre os habitantes, sobretudo os mais idosos, na sequência da onda de furtos que se tem verificado em várias freguesias.
Nos últimos meses a vila de Coruche tem sido assolada por uma onda de furtos a residências através do arrombamento de portas e janelas, por vezes em plena luz do dia e com a presença dos ofendidos nas proximidades, descreveu o munícipe, que usou da palavra em sessão pública.
Na sua intervenção, Manuel Oliveira falou de um sentimento de revolta que cresce entre os habitantes, lembrando a nostalgia dos mais velhos pelo tempo em que as portas tinham uma simples tramela de madeira e o postigo ficava aberto. Hoje, sublinhou, erguem-se muros, colocam-se grades e contratam-se empresas de segurança, mas os assaltos continuam a ocorrer, deixando os cidadãos com a sensação de que “Coruche se tornou num pára-raios de bandidos”.
O munícipe pede uma solução estrutural, defendendo que o município, inclusive quando for conhecido o novo elenco saído das autárquicas, deve apostar na instalação de sistemas de videovigilância em locais estratégicos, complementados com drones de monitorização dotados de inteligência artificial. Sublinha que essa possibilidade está prevista na lei e já foi concretizada noutros concelhos do distrito de Santarém.
Manuel Oliveira frisa que não o movem ambições políticas, mas apenas a vontade de ver a comunidade mais protegida. “Que fique claro e para que não existam dúvidas. Não me move aspiração a cargos políticos e atrás de mim não vem ninguém, mas a meu lado caminha muita gente com a mesma preocupação”, afirmou, deixando ainda uma pergunta directa ao executivo: “Qual é o grau e a intensidade do vosso compromisso em colocar este assunto como um dos primeiros actos de governança no próximo executivo?”, questionou referindo-se aos partidos políticos que vierem a ser eleitos nesse órgão autárquico.

Videovigilância é hipótese
O presidente da câmara, Francisco Oliveira, admite que as preocupações são legítimas e partilhadas também pelo executivo. “É óbvio que nós sentimos que os cidadãos sentem na pele estes assaltos, nomeadamente aqueles que têm menos recursos para pôr protecção na sua habitação”, disse, reconhecendo que a criminalidade “já esteve melhor” e que agora “há um agravamento destas situações”.
Para o autarca, a proposta apresentada é “inteligente”, uma vez que a instalação de câmaras de vigilância tem sido feita em áreas urbanas, mas poderia ser estendida a outros pólos mais vulneráveis. “Não é descabido que possamos avançar com esse licenciamento em zonas críticas, ajudando a GNR no trabalho de vigilância”, acrescenta.
O edil lembra ainda que já foram implementadas medidas preventivas a nível local, como a limitação da circulação em estradas de campo durante determinados períodos, mas que é necessário reforço por parte das autoridades nacionais. “Precisamos de mais meios físicos e humanos da GNR, e de alargar essa presença a áreas do concelho desprovidas de segurança”, apontou.
O autarca revela igualmente que está em preparação um plano conjunto com a Associação de Produtores Florestais para travar os furtos de cortiça e pinhas, actividades criminosas que também afectam a economia local.

GNR confirma mais furtos em residência e mais pessoas identificadas

À margem das preocupações levantadas em reunião de câmara, a GNR confirma, em resposta a O MIRANTE, que o número de furtos em residências no concelho de Coruche duplicou em 2025. Entre 1 de Janeiro e 15 de Setembro deste ano foram registados 20 casos, contra 10 no mesmo período do ano anterior.
O número de suspeitos identificados também subiu, de dois em 2024 para cinco em 2025, mas não houve detenções. A GNR acrescenta que não existem registos de crimes de roubo em residências, ou seja, que não têm sido apresentadas queixas de situações em que há recurso a violência, mas alerta que a denúncia é essencial para orientar o empenho dos recursos disponíveis. “A formalização de queixa é fundamental para auxiliar a monitorização do fenómeno e a gestão operacional dos recursos”, explica o porta-voz da GNR, tenente-coronel Carlos Canatário.
Segundo a mesma fonte, a GNR tem reforçado o patrulhamento em zonas residenciais mais afectadas e promovido operações específicas de prevenção, além de campanhas de sensibilização junto da população para incentivar a comunicação de situações suspeitas.

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