Já há luz verde para projecto de hotel na antiga estalagem do Gado Bravo

Presidente da Câmara de Vila Franca de Xira confirmou a informação na última semana: projecto privado quer recuperar edifício na Recta do Cabo que está ao abandono há décadas e transformá-lo num hotel com centro de eventos.
À segunda revisão foi de vez e os serviços de urbanismo da Câmara de Vila Franca de Xira deram luz verde, na última semana, ao projecto de reconstrução e reabilitação da icónica estalagem do Gado Bravo, situada na Recta do Cabo, na margem sul do Tejo. A informação foi avançada pelo presidente do município, Fernando Paulo Ferreira (PS), que já tinha anteriormente confirmado a entrada nos serviços da câmara de um projecto privado para reformular todo o espaço e transformá-lo num hotel com centro de eventos.
O edifício, recorde-se, está ao abandono há mais de três décadas e é hoje uma mancha na paisagem. Depois de várias ideias de reabilitação que nunca saíram do papel ao longo dos anos, a antiga estalagem do Gado Bravo, na lezíria de Vila Franca de Xira, voltou a ter novas intenções de reabilitação depois do Governo ter anunciado a construção do novo aeroporto no concelho de Benavente.
Fernando Paulo Ferreira já tinha confirmado há ano e meio que o projecto teve de receber alterações para ir ao encontro da legislação em vigor e que o avanço da obra permitiria “ressuscitar um ícone do Ribatejo com muita história e potencialidades”. Um ícone que, hoje em dia, é apenas um edifício devoluto e abandonado, como O MIRANTE já deu nota, sem partes do telhado e onde pouco mais resta que as paredes, que mancha a paisagem da lezíria.
Isabel II e Paul McCartney entre os clientes ilustres
A estalagem do Gado Bravo foi inaugurada em Outubro de 1952 e fechou portas em 1989, depois de vários anos em declínio. O seu período áureo foi registado nas décadas de 50 e 60 do século passado, tendo ficado famosa por ter sido o espaço escolhido por várias figuras internacionais para visitar o país. Foi o caso do músico dos The Beatles, Paul McCartney e a namorada, Jane Asher, que ali pernoitaram em 1965 a propósito de uma visita a Lisboa. Em 1957, também a rainha de Inglaterra Isabel II esteve no espaço.
O palco do salão recebeu concertos de nomes do fado como Amália Rodrigues, Alfredo Marceneiro, Fernando Farinha e Hermínia Silva. Passou de privados para as mãos da banca e aquando da crise do imobiliário, em 2008, foi posto à venda o edifício e o terreno por 376 mil euros. Antes, em 2001, houve uma outra intenção de recuperação que nunca saiu do papel. O projecto contemplava a construção de 116 quartos, um restaurante, pavilhão multiusos e piscina com balneários de apoio, que nunca viu a luz do dia.