Familiares de vítima mortal exaltam-se no Hospital de Abrantes obrigando a intervenção policial

Grupo transportou por meios próprios uma vítima mortal em acidente rodoviário e exigiu a sua reanimação. Além dos danos materiais e do clima de medo houve quem fosse agredido. Unidade de Saúde confirma a situação de tensão que levou à intervenção das forças de segurança.
Um grupo de pessoas, que decidiu transportar por meios próprios uma vítima de acidente rodoviário grave para o Hospital de Abrantes, exaltou-se e provocou distúrbios nas instalações daquela unidade de saúde, obrigando a intervenção policial. O incidente ocorreu no sábado, 11 de Outubro, e deveu-se a uma reacção negativa ao óbito da vítima que não foi assistida no local do acidente por equipas de emergência pré-hospitalar e já terá chegado sem vida ao hospital.
Segundo uma testemunha, o grupo, de cerca de 50 pessoas, entrou no serviço de urgência com a vítima e depois de ter sido declarado o óbito “forçou a entrada na sala de reanimação, exigindo que os profissionais de saúde tentassem reanimar o indivíduo. Durante o incidente, vários seguranças e profissionais de saúde foram agredidos, tendo alguns necessitado de cuidados médicos”.
A Unidade Local de Saúde (ULS) Médio Tejo confirma a O MIRANTE a “situação de tensão durante o fim de semana […] causado por uma situação de óbito irreversível”, sublinhando que da mesma “não resultaram feridos ou danos físicos a profissionais de saúde, sendo os danos materiais muito limitados”.
A permanência do grupo, ao qual se foram juntando mais pessoas da mesma comunidade, nas imediações do hospital manteve-se nos dias seguintes, “entre domingo e segunda-feira, enquanto o corpo da vítima não foi libertado”, relata a mesma testemunha, sublinhando o “medo e insegurança” sentido pelos profissionais daquela unidade sempre que tinham de passar, no final dos seus turnos, junto a “dezenas de pessoas do grupo” que os abordavam.
Segundo a ULS Médio Tejo, “a situação foi acompanhada presencialmente desde o primeiro momento pelo conselho de administração” que esteve “em contacto permanente com o director do Serviço de Urgência do Hospital de Abrantes, bem como com as forças de segurança pública e com os serviços de segurança interna da instituição”. A intervenção das autoridades, destaca a ULS, “foi imediata e decisiva para restabelecer a normalidade, garantindo desde segurança de utentes, profissionais e instalações”.
“Todos os elementos envolvidos acataram as instruções transmitidas pelas forças de segurança pública, que permaneceram no local até à completa resolução da situação”, informa ainda a ULS, sublinhando que “até ao momento, não foi apresentada qualquer queixa formal por parte de utentes ou profissionais de saúde relativamente a este episódio”.
Considerando o “contexto particularmente exigente” para os profissionais que se encontravam em funções, que nunca deixaram de assegurar a continuidade dos cuidados aos utentes, a ULS manifesta “solidariedade” e reconhece o “empenho demonstrado”.
ULS diz estar a adoptar medidas para reforço de segurança
O conselho de administração, presidido por Casimiro Ramos, adianta ao nosso jornal que “está a adoptar medidas decorrentes deste tipo de ocorrência, em articulação com os serviços internos competentes e as entidades de segurança, de forma a garantir o permanente reforço das condições de segurança e apoio aos profissionais”.
Salientando que o dia-a-dia num Serviço de Urgência Médico-Cirúrgica é “marcado por episódios de grande tensão emocional e humana, resultantes da gravidade das situações clínicas que ali chegam”, a ULS diz que os profissionais que ali trabalham “estão preparados e formados para actuar com serenidade e competência, em estreita articulação com as forças de segurança”. O plano de prevenção e gestão de conflitos, acrescenta, está alinhado com “o Plano de Ação para a Prevenção da Violência no Sector da Saúde (PAPVSS), da Direcção Executiva do Serviço Nacional de Saúde (DE-SNS) e da Direcção-Geral da Saúde (DGS).