“Não se pode plantar eucaliptos junto de casas, mas pode-se construir casas junto de eucaliptos”
Produtor florestal acusa Câmara de Rio Maior de ter dois pesos e duas medidas. Em 2013, Fernando Martins quis construir uma habitação num terreno que herdou dos pais próximo da aldeia de Teira. A Câmara de Rio Maior disse-lhe que não era possível e aconselhou-o a plantar eucaliptos. Assim o fez. Uma década depois, qual não foi o seu espanto quando viu ser construída uma vivenda junto à sua plantação florestal, que o vai obrigar a abater eucaliptos numa faixa de segurança de 50 metros em relação à nova moradia.
Há uma dúzia de anos, Fernando Martins quis construir uma moradia num terreno de que é proprietário na estrada da Fonte Longa, junto à localidade de Teira, na freguesia de Alcobertas. Na altura, quando entrou com o pedido de viabilidade de construção na Câmara de Rio Maior, disseram-lhe que não podia lá construir a sua habitação porque o Plano Director Municipal (PDM) não o permitia. Afirma que o aconselharam a plantar eucaliptos no terreno que herdou dos pais e foi o que fez em 2015, depois de devidamente aprovado e licenciado o povoamento florestal.
Qual não foi o seu espanto quando, uma década depois, a mesma Câmara de Rio Maior terá permitido a construção de uma vivenda num terreno contíguo ao seu eucaliptal, sem que tenham havido alterações no PDM. Com a agravante de ainda lhe terem dito que teria que arrancar os eucaliptos numa faixa de 50 metros até ao muro que delimita a vivenda do terreno vizinho, pois se não o fizer arrisca-se a ser multado.
Fernando Martins, morador em Teira, acusa a Câmara de Rio Maior de ter dois pesos e duas medidas e não entende como é que o empreiteiro conseguiu obter aprovação do município para construir uma moradia junto ao terreno dele. “Não se pode plantar eucaliptos junto das casas, mas pode-se construir casas junto dos eucaliptos”, desabafa o queixoso, que também expôs o caso à GNR. Já falou também com o presidente da Câmara de Rio maior, Filipe Santana Dias, para tentar esclarecer a situação, até porque está interessado em salvaguardar o investimento que ali fez e quer clarificar como está classificado o terreno no PDM. “Tenho um muro a um metro dos meus eucaliptos, que já ali estão desde 2015”, vinca o produtor florestal.
O MIRANTE contactou a Câmara Municipal de Rio Maior para tentar obter esclarecimentos sobre o assunto, mas não recebeu resposta até ao fecho desta edição.


