Sociedade | 23-10-2025 12:00

EuRoC mostra ambição e consolida Portugal e Constância no mapa aeroespacial europeu

EuRoC mostra ambição e consolida Portugal e Constância no mapa aeroespacial europeu
700 estudantes tentaram construir foguetes e lançaram-nos em Constância - foto DR

Constância recebeu de 9 a 15 de Outubro a sexta edição do European Rocketry Challenge, tendo em competição 28 equipas universitárias provenientes de 16 países.

A sexta edição do European Rocketry Challenge (EuRoC) confirma “a maturidade e a ambição crescentes” das equipas universitárias e reforça “a centralidade de Portugal no panorama aeroespacial europeu”, defendeu a gestora do evento, Marta Gonçalves. “Há mais equipas, mais complexidade técnica e mais vontade de se superarem”, afirmou à Lusa a responsável da Portugal Space - Agência Espacial Portuguesa, organizadora do evento de lançamento de foguetões criados por universitários que decorreu em Constância, envolvendo cerca de 700 estudantes universitários de 16 países, e que terminou no Campo Militar de Santa Margarida.
“Este ano aceitámos 28 equipas — o maior número de sempre — e notamos que os projectos estão mais exigentes, com foguetes híbridos e [de combustíveis] líquidos, o que representa um salto notável de maturidade. Mesmo quando não conseguem lançar, aprendem e voltam no ano seguinte mais fortes”, acrescentou. Entre as tendas e a azáfama da montagem final dos últimos foguetes a serem lançados, Marta Gonçalves sublinhou que o EuRoC “é muito mais do que uma competição” aeroespacial. “Promove o encontro entre universidades, empresas e instituições. Aqui formam-se redes, futuros engenheiros e empreendedores. É também um espaço de segurança e de confiança, onde os estudantes aprendem a trabalhar em ambiente real de missão”, declarou.
A competição, que decorre entre o Pavilhão Municipal de Constância, onde está instalado o paddock de afinação e montagem, e o Campo Militar de Santa Margarida, para os lançamentos, junta 700 estudantes de 16 países em torno do desafio de construir e lançar foguetes a altitudes entre três e nove mil metros. Este ano marcaram presença quatro equipas portuguesas — Fénix Rocket Team, North Space, Porto Space Team e Rocketry Experiment Division (RED), do Instituto Superior Técnico —, o número mais elevado desde a criação do evento em 2020.
“Acreditamos mesmo que o Fénix vai ser o primeiro foguete lançado por nós”, disse à Lusa Rui Quitério, de 23 anos, chefe da Fénix Rocket Team, duas horas antes de o tempo útil de lançamento se esgotar. “Trabalhámos o ano inteiro. É o nosso primeiro projecto, tudo foi feito por nós — estrutura, motor, fibra de carbono, alumínio. Mostramos que Portugal tem talento e engenheiros capazes de competir com os melhores”, afirmou, visivelmente orgulhoso apesar da frustração pelo lançamento acabar por não ter ocorrido. Já Tomás Raposo, da North Space, que viu o seu foguete SPATI-II explodir durante a subida, realçou a dimensão formativa do desafio. “Em dois anos, a equipa evoluiu imenso em engenharia e gestão. O resultado não foi o esperado, mas o crescimento foi brutal. O EuRoC dá-nos a oportunidade única de lançar em Portugal e de aprender com os erros. É algo que nunca esquecemos”, disse. Para Marta Gonçalves, este é precisamente o espírito do evento. “Mesmo com dificuldades, as equipas voltam porque gostam, porque aprendem e porque sabem que aqui encontram uma comunidade. É isso que constrói o futuro do setor espacial”, declarou.
O EuRoC é promovido pela Agência Espacial Portuguesa com o apoio do Exército Português e da Câmara Municipal de Constância, e conta com o patrocínio da Agência Espacial Europeia (ESA), Cambridge Aerospace, Tekever, Omnidea e outras empresas do sector.

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