Ajuda de Mãe inaugura novo espaço em Santarém e reforça apoio às famílias vulneráveis
A inauguração do novo espaço da Ajuda de Mãe em Santarém marcou os 18 anos de actuação da instituição no concelho, reforçando o compromisso no apoio a grávidas e famílias vulneráveis.
A Ajuda de Mãe assinalou, no dia 14 de Outubro, a inauguração do seu novo espaço em Santarém, coincidindo com a comemoração do 18º aniversário da instituição. O novo espaço localiza-se na Rua Gonçalo Mendes da Maia e a inauguração contou com a presença do presidente da Câmara de Santarém, João Leite, assim como de outras individualidades locais, parceiros institucionais e também de mães acompanhadas pela Ajuda de Mãe.
Durante a cerimónia, o presidente da instituição, Pedro Marques, acrescentou que a Ajuda de Mãe funciona muitas vezes como “retaguarda familiar” para quem não tem suporte, sendo esse apoio assegurado por uma rede de voluntários e técnicos que trabalham “com a cabeça e com o coração”. Em Santarém, a equipa é composta por apenas três elementos, mas o presidente afirmou a O MIRANTE que o objectivo é reforçar recursos e parcerias. Salientou que esta nova infra-estrutura permite cumprir os requisitos necessários, em termos de acessibilidade e número de gabinetes, para finalmente garantir um acordo de cooperação com o Centro Distrital de Segurança Social para a resposta CAV – Centro de Apoio à Vida.
Lígia Cruz Nestal, responsável pelo acompanhamento das famílias, sublinhou ainda que o novo espaço permite “impactar mais vidas”, numa altura em que a maioria das famílias acompanhadas são imigrantes que contribuem activamente para a economia local. “Cerca de 70% das famílias que acompanhamos são imigrantes e a verdade é que muitas trabalham na nossa comunidade, não só as mães como os companheiros, como as famílias que se juntam e que dão muito valor a sectores da sociedade onde há falta de mão-de-obra”, explica. Contudo, a dirigente recordou que, apesar dos apoios que a instituição oferece, persistem ainda desafios estruturais como a falta de habitação acessível, a escassez de vagas em creches e de ecografias obstétricas nos hospitais, apelando às entidades presentes para que se unam na procura de uma solução.
Já o presidente da Câmara de Santarém, João Leite, destacou o papel determinante da Ajuda de Mãe na promoção da natalidade e coesão social, afirmando que o município irá continuar “lado a lado” com a instituição. “Hoje é um dia feliz, porque falamos daquela palavra pequena, mas enorme, que é Mãe. E tudo o que possamos fazer para que estas mulheres saiam daqui empoderadas e com significado de vida é um investimento no futuro colectivo”, afirmou, garantindo disponibilidade da autarquia para apoiar novos projectos e respostas sociais.
Ao longo destes 18 anos, a Ajuda de Mãe tem acompanhado mulheres grávidas e famílias em situação de vulnerabilidade, promovendo a capacitação socioprofissional, a protecção da maternidade e o desenvolvimento saudável das crianças. Com este novo espaço, a instituição espera reforçar a sua intervenção em Santarém e alcançar ainda mais famílias que precisam de ajuda.
Ajuda de Mãe alerta para insuficiência de respostas em ecografias obstétricas na região
Lígia Nestal, uma das responsáveis da Ajuda de Mãe em Santarém, alertou, durante o aniversário da instituição, para a ausência de “um espaço convencionado” para a realização de ecografias obstétricas pelo Serviço Nacional de Saúde no distrito. A dirigente considerou tratar-se de uma “lacuna grave”, sublinhando que uma vigilância pré-natal adequada exige a realização de três ecografias, acrescentando que mesmo no sector privado a elevada procura dificulta o acesso “em tempo útil” aos exames.
Lígia Nestal apelou ainda à mobilização das entidades públicas e políticas, alertando que a falta de acompanhamento adequado pode ter consequências a médio e longo prazo, como défices cognitivos ou atrasos no desenvolvimento das crianças. “Todos nós, agentes locais, devemos mobilizar-nos e tentar que alguém se importe com isto e que de facto comece a arranjar soluções, porque aquilo que não se gasta na prevenção, vamos gastar mais tarde na reparação”, destaca.
Confrontada com estas afirmações, a Unidade Local de Saúde da Lezíria esclareceu que as ecografias obstétricas estão asseguradas para grávidas de alto risco nos hospitais públicos, mas reconheceu que a falta de profissionais especializados nesta área “condiciona a capacidade de resposta directa dos hospitais públicos”. Para as grávidas de baixo risco, a ULS explica que estas são orientadas pelos cuidados de saúde primários para unidades convencionadas com o Serviço Nacional de Saúde, não negando possíveis constrangimentos nas marcações devido à procura elevada.


