Centenário da Escola da Armada em VFX passou ao lado sem festa nem evocações
 
 Única nota para a efeméride foi deixada no site da Marinha, que lembrou a inauguração há cem anos, a 28 de Setembro de 1925, da escola que formou milhares de militares portugueses e que hoje está maioritariamente degradada.
Assinalou-se a 28 de Setembro o centenário da inauguração, pela Marinha, daquela que foi a primeira Escola da Armada no país, em Vila Franca de Xira, um espaço que hoje é propriedade do município e que tem a maioria dos edifícios em acentuado estado de degradação. A efeméride passou ao lado de boa parte da comunidade e não houve na cidade qualquer festa ou evocação do momento e da sua história. A única excepção foi da Marinha portuguesa, que lembrou a data no seu site oficial e anunciou o lançamento de um livro comemorativo pelas edições culturais da Marinha sobre os cem anos das instalações. 
Já lá vão oito anos desde que o município comprou o espaço ao Estado por 8 milhões de euros, depois da Marinha ter saído definitivamente da cidade a 1 de Setembro de 2009. Fernando Paulo Ferreira, que foi recentemente reeleito presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, já tinha defendido este ano a sua intenção de vender o espaço da antiga Escola da Armada a privados, para assim se conseguir a recuperação e dinamização do espaço que a câmara nunca conseguiu realizar. Para o local há apenas o anúncio da criação do novo tribunal da cidade e a intenção declarada do autarca em garantir uma área para o alargamento dos espaços desportivos existentes nas proximidades, mas pouco mais.
O complexo da antiga Escola da Armada, incluindo os edifícios antigos e um vasto espaço exterior, deverá ser colocado à venda abrindo assim as portas a promotores imobiliários para investirem no local. Segundo Fernando Paulo Ferreira, Vila Franca de Xira precisa de economia e investimento privado, replicando o conceito de bairro ribeirinho como o que está a ser feito com o empreendimento Vila Rio, na Póvoa de Santa Iria. Para Fernando Paulo Ferreira, mais habitação de qualidade será uma porta para o desenvolvimento económico e social da cidade. “Haverá um momento em que este assunto virá a discussão em reunião de câmara e depois logo se verá o que pensa cada uma das forças políticas”, afirmou o autarca em reunião do executivo, depois das diferentes forças políticas terem condenado a ideia. 
Uma escola que revolucionou a cidade 
Vila Franca de Xira deve muito do seu crescimento enquanto cidade ao longo das décadas, precisamente, à presença da antiga Escola da Armada, que albergava centenas de recrutas, militares e pessoal administrativo. Segundo a Marinha, a presença em Vila Franca de Xira iniciou-se com a instalação da base da designada Flotilha Ligeira, que agrupava os torpedeiros e contratorpedeiros ligeiros da Armada, na Quinta das Torres. Esta descentralização dos serviços da Armada terá sido concebida pelo ministro da Marinha, capitão-de-fragata Fernando Augusto Pereira da Silva, por forma a afastar as grandes concentrações de marinheiros da capital e, assim, prevenir revoltas ou perturbações políticas. A base da Flotilha Ligeira foi inaugurada numa cerimónia na qual fundeou, ao largo da Quinta das Torres, o cruzador Carvalho Araújo onde embarcou o ministro da Marinha, em representação do Presidente da República, acompanhado pelos contratorpedeiros Douro, Guadiana, Tâmega e Vouga e pelos torpedeiros Mondego, Sado, Ave, Lis e Tejo. 
A chamada “esquadra da lezíria” viria a ser desactivada a 23 de Maio de 1928, devido ao facto de a maior parte dos navios da flotilha necessitar de grandes reparações que só eram possíveis no Arsenal da Marinha, no Alfeite, assim como devido às dificuldades em equipar as instalações em terra com as adequadas infraestruturas para alojamentos, depósitos e oficinas. 
Apesar da desativação da base, os contratorpedeiros remanescentes mantiveram um fundeadouro provisório em Vila Franca de Xira, sendo que as instalações em terra foram entregues à Delegação Marítima. As instalações foram reactivadas em 1934, com a criação da Escola de Mecânicos e da Escola de Alunos Marinheiros. A escola daria lugar, em 1961, ao Grupo nº1 de Escolas da Armada. Em 2004, com a criação da Escola de Tecnologias Navais na Base Naval de Lisboa, o grupo foi desactivado, passando a ser um pólo de formação da nova escola. Após a transferência das suas valências remanescentes para o Alfeite, o pólo de Vila Franca de Xira foi encerrado a 1 de Setembro de 2009.

 
 
 
  
 
 
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
 