Moradores de Arcena sem luz há duas semanas por causa de puxada ilegal
Quadro eléctrico de um prédio em Arcena ardeu obrigando à intervenção dos bombeiros. Há duas semanas que 24 pessoas estão sem luz em casa nem forma de conservar alimentos ou cozinhar. Fogo aconteceu por causa de uma puxada ilegal feita por uma família que ocupou uma casa municipal.
Já lá vão duas semanas sem que se resolva o problema de duas dezenas de famílias do nº13 da Rua José Augusto Gomes em Arcena, Alverca, que estão a viver sem electricidade em casa desde que uma puxada ilegal queimou o quadro eléctrico do prédio. Os moradores dizem a O MIRANTE estarem desesperados e sem ninguém que lhes dê resposta ao problema ou qualquer apoio. Carolina Santos, administradora do condomínio, explica que dos oito apartamentos ali existentes apenas três são de proprietários privados, sendo os restantes municipais.
“Pouco depois da hora de almoço vimos muito fumo no prédio e sentia-se um cheiro a queimado. Ligámos para os bombeiros e o quadro foi desligado por precaução e já não o ligaram mais. Disseram-nos que uma ficha estava toda queimada e desde então não soubemos mais nada”, lamenta Dulce Correia, moradora que vive no prédio há 23 anos. Os moradores perderam toda a comida que tinham no frigorífico e muitos estão impedidos de cozinhar por apenas terem placas de indução ao invés de fogões.
“A E-Redes veio, desligou tudo e dizem que não conseguem voltar a ligar a corrente à superfície. Segundo eles, há 40 anos que não se fazia uma vistoria ao quadro e a câmara sempre garantiu que arcaria com a responsabilidade dessa situação”, acrescenta Carolina Santos. Segundo a moradora, as primeiras perícias feitas pelos técnicos ao quadro do prédio apontam, “com 99% de certeza”, para uma puxada ilegal feita por uma família que ocupou ilegalmente uma fracção municipal que estava vazia, situação que sobrecarregou o quadro do prédio e levou ao incêndio.
A reparação deverá custar 830 euros a cada proprietário mas os moradores lamentam que até agora a Câmara de Vila Franca de Xira, dona da maior parte das fracções, ainda não tenha mostrado disponibilidade em avançar com o valor da sua parte. “O electricista não trabalha de borla e sem o dinheiro para ele começar a trabalhar não avança. Já liguei mais de 50 vezes para a câmara mas não me atendem, a frisar a urgência de termos aqui pessoas doentes, idosas, sem luz nem comida”, lamenta a responsável. Também há famílias sem disponibilidade financeira imediata para arcar com o prejuízo e lamentam que o município não as possa apoiar.
No prédio também há quem esteja em teletrabalho e tenha ficado impossibilitado de estar ao serviço. Com a mudança da hora a noite chega mais cedo e os moradores confessam ter receio. “Tememos pela nossa vida e pelos que amamos. E se o quadro tivesse ardido de noite em vez de ser durante o dia podíamos ter morrido todos aqui”, lamentam.
Câmara vai imputar custos aos ocupantes ilegais
Questionada por O MIRANTE, a Câmara de Vila Franca de Xira garante ter agido de forma célere perante o problema, já tendo autorizado a transferência do valor relativo ao pagamento de uma quota extraordinária, na proporção da permilagem de que é proprietário, com vista à rápida resolução da situação, “a que todos os proprietários foram e são alheios”, vinca. A autarquia explica que todos os mecanismos legais foram desencadeados para informar os ocupantes ilegais da fracção municipal que, caso não desocupem o apartamento de forma imediata e voluntária, o município iniciará o procedimento administrativo legal com vista ao despejo coercivo, tal como já sucedeu noutros casos idênticos. Além disso, garante a câmara, a responsabilidade pelos danos e os custos decorrentes de toda a situação vão ser imputados em tribunal aos infractores. O MIRANTE também questionou a E-Redes sobre o assunto mas não recebeu resposta até ao fecho desta edição.


