Dono de quinta e dois estrangeiros condenados por cultivarem canábis
Um holandês que veio para Portugal produzir aloé vera era o mentor do plano de produção de plantas de produto estupefaciente e foi condenado a pena de prisão efectiva. Uma búlgara que tinha experiência nesta produção e o dono da quinta, onde todos moravam, apanharam penas suspensas de prisão.
O cenário da ilegalidade é uma quinta em Ferreira do Zêzere. O motivo foi cultivar plantas estupefacientes de canábis para reproduzirem novas plantas para a venda e cedência a terceiros. Os protagonistas são um ex-imigrante reformado que esteve 40 anos na Suíça e é dono da quinta, um holandês que tinha conhecido o dono da quinta na Suíça em 2010 e que veio para Portugal produzir aloé vera e uma búlgara que trabalhou para este e que tinha experiência no cultivo de canábis, curiosamente adquirida numa exploração também na Suíça. O casal abandonou a actividade de produção de aloé vera e instalou-se na quinta de Ferreira do Zêzere, onde residiam com o dono, e organizaram o novo negócio. A mulher e o proprietário foram condenados a cinco anos de prisão com pena suspensa por igual período e o holandês a seis anos de prisão efectiva.
A situação começa a desenrolar-se em 2022 na sequência do que o Tribunal de Santarém designa de plano traçado pelos três arguidos, para apanharem, pesarem, embalarem e armazenarem a canábis que cultivavam. Para isso dotaram a quinta de equipamentos para o bom desenvolvimento das plantas, como sistemas de ventilação, de iluminação e sistema eléctrico térmico, tubagem de rega, bem como adubos e fertilizantes. O holandês era quem organizava as actividades e pagava os materiais e equipamentos, contando com a colaboração dos outros dois arguidos. Ela tratava do cultivo e tratamento das plantas e acompanhava-o na aquisição do que era necessário. O proprietário, mediante a promessa de ganhar uma parte com o negócio, disponibilizava a habitação contígua ao armazém onde funcionava a estufa, e realizava tarefas de tratamento das plantas e manutenção do armazém e equipamentos.
No armazém dividido em quatro espaços, apurou o tribunal, plantaram 1.981 plantas de canábis. Os arguidos utilizavam ainda um outro armazém em cardal, para colocar material. Em Março de 2023 as autoridades irrompem pela quinta para fazerem buscas domiciliárias onde apreendem diversos materiais e equipamentos, telemóveis, dinheiro uma espingarda e uma pistola e oito caixas de munições e a totalidade das plantas, que davam para fazer 29.405 doses individuais de droga.
O holandês, actualmente com 62 anos, já tinha sido condenado pelo Tribunal Correcional de Bordéus em 2019 por “infrações relacionadas com o tráfico de estupefacientes e percursores não destinados exclusivamente ao consumo pessoal” nas penas de três anos de prisão e de 100.000€ de multa. A búlgara e o dono da quinta não tinham antecedentes criminais.
O dono da quinta foi também condenado pela posse ilegal das armas numa multa de 1.750 euros. O colectivo de juízes do Tribunal de Santarém determinou também que durante a suspensão da execução das penas do proprietário e da estrangeira devem ser acompanhados pela Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais com o objectivo de prevenção e repressão da toxicodependência.


