Legionella volta a aumentar onze anos após o surto de Vila Franca de Xira
Onze anos após o surto de legionella que atingiu Vila Franca de Xira, Portugal volta a registar um aumento preocupante da doença. Em 2024 foram confirmados 489 casos, o valor mais alto da última década e o mais próximo do pico de 2014. Enquanto os números crescem, o processo judicial das vítimas continua sem avanços nos tribunais.
Onze anos depois do surto que afectou o concelho de Vila Franca de Xira, Portugal volta a registar um aumento preocupante da doença dos legionários. Em 2024 foram confirmados 489 casos, o número mais elevado desde 2014, quando o país registou 556 infecções.
Entre 2015 e 2024, a Direcção-Geral da Saúde contabilizou 2.665 casos de legionella, sendo 355 em 2023 e 489 em 2024. Os dados constam do Relatório Anual dos Serviços de Águas e Resíduos em Portugal, divulgado pela Entidade Reguladora do Sector das Águas e dos Resíduos (ERSAR), que alerta para uma tendência crescente da doença, provocada por bactérias presentes na água e que afecta sobretudo pessoas com mais de 50 anos.
Segundo a ERSAR, o aumento pode dever-se à melhoria dos sistemas de vigilância, ao envelhecimento da população, às alterações climáticas e à expansão de infra-estruturas que utilizam água e produzem aerossóis, como os sistemas de ar condicionado. A DGS acrescenta que o crescimento das notificações resulta também do reforço do alerta clínico e da maior adesão dos profissionais de saúde à comunicação de casos.
Enquanto os números sobem, o processo judicial interposto pela Associação de Apoio às Vítimas da Legionella continua parado. A acção contra o Estado português mantém-se sem avanços desde Novembro de 2024. Maria Manuela, tesoureira da associação, reconhece que a justiça é lenta, mas acredita que “não vai tardar”, ainda que muitas vítimas tenham perdido a esperança.
O surto de Novembro de 2014 afectou sobretudo as freguesias de Vialonga, Póvoa de Santa Iria e Forte da Casa, provocando 12 mortes e mais de 400 infectados. Face ao aumento recente de casos, as autoridades de saúde voltam a apelar à limpeza e manutenção regular de sistemas de ar condicionado e redes de água, como medida essencial de prevenção.


