Sociedade | 07-11-2025 12:00

Veículos pesados continuam a necessitar de autorização especial para atravessar ponte sobre o Tejo em Constância

Veículos pesados continuam a necessitar de autorização especial para atravessar ponte sobre o Tejo em Constância
Ponte sobre o Tejo que liga Constância Sul e Praia do Ribatejo foi adaptada ao tráfego automóvel no final do século passado mas só permite a circulação num sentido, alternadamente - foto arquivo O MIRANTE

A ponte sobre o Tejo que liga os concelhos de Constância e Vila Nova da Barquinha só permite trânsito alternado em cada sentido e os veículos com mais de 3,5 toneladas necessitam de autorização especial dos autarcas dos dois municípios. O sonho de uma nova ponte na zona arrasta-se no tempo sem grandes desenvolvimentos.

Com o final do mandato autárquico, as Câmaras Municipais de Constância e Vila Nova da Barquinha revogaram as autorizações pontuais emitidas para a circulação de veículos com mais de 3,5 toneladas na ponte rodo-ferroviária sobre o Tejo que liga os dois concelhos. Uma medida que produziu efeitos a partir de 1 de Novembro e que decorreu do facto de o presidente de Vila Nova da Barquinha ter cessado funções. As entidades interessadas em continuar a usufruir dessa medida de excepção - já que o trânsito na ponte está proibido a veículos com mais de 3,5 toneladas por razões de segurança - devem agora solicitar nova autorização para poderem ali circular.
A medida foi objecto de edital e o presidente da Câmara de Constância, Sérgio Oliveira (PS), agora reeleito, explica a O MIRANTE que “não faz sentido manter as autorizações dadas em conjunto” por ele e pelo presidente de Vila Nova da Barquinha, Fernando Freire, que agora deixou o cargo. “Há um final de mandato e as excepções têm que ser assumidas pelos novos titulares. Em 2029, com a minha saída, sairá um novo Edital a revogar todas as autorizações pontuais dadas neste mandato (2025/2029)”, reforça.
Refira-se que os veículos escolares e de emergência foram sempre uma excepção desde a interdição da ponte a pesados, como frisa o autarca de Constância. “É a forma de satisfazer necessidades prementes e sociais uma vez que só podem circular na ponte veículos superiores a 3,5 toneladas, isolados, e pontualmente. Quem fizer a travessia da ponte sem este pressuposto, a acontecer algum acidente, será responsável civil e criminalmente”, avisa Sérgio Oliveira. Acrescenta que os dois municípios vão continuar responsáveis pela gestão, manutenção e conservação da ponte, conforme protocolo estabelecido em 2010 com as empresas públicas que deram origem ao que é hoje a Infraestruturas de Portugal.

O sonho de uma ponte nova
Há muitos anos que é reivindicada pelos autarcas de Constância a construção de uma nova travessia sobre o Tejo nessa zona, até tendo em conta a existência nas proximidades do Campo Militar de Santa Margarida, da unidade industrial da Caima e do Eco Parque do Relvão, já que a velha ponte, adaptada ao tráfego automóvel no final do século passado, constitui um constrangimento à mobilidade. Sérgio Oliveira reconhece essa triste realidade e renova a “necessidade urgente na construção de uma nova ponte para o desenvolvimento da região, ou a reabilitação desta que permita a passagem de pesados e de viaturas nos dois sentidos”.
Queixas e reivindicações semelhantes existem alguns quilómetros a jusante, onde a também centenária ponte sobre o Tejo que liga os concelhos de Chamusca e Golegã representa outro obstáculo à fluidez do tráfego. Mas entre promessas e projectos que vêm de há muito, a verdade é que nenhuma alternativa foi construída até agora. Nem se sabe quando e se será.

Opinião - à margem

Uma vergonha com duas décadas

Há mais de duas décadas que se fala de novas travessias sobre o Tejo, seja em Abrantes, na zona de Constância ou na Chamusca. Inverte-se o provérbio popular e constata-se que não há fartura que não resulte em fome. Muitas têm sido as palavras, os protestos, as promessas, as visitas de governantes. Escassas, para não dizer nulas, têm sido as acções. Alguns autarcas fizeram disso bandeira, como António Mendes, de Constância, ou Sérgio Carrinho, da Chamusca, mas nem eles, que tinham voz grossa, conseguiram ser ouvidos no Terreiro do Paço. A instalação do Eco Parque do Relvão na freguesia da Carregueira, concelho da Chamusca, onde vai parar toda a sorte de resíduos de várias proveniências, devia ter trazido consigo novas acessibilidades. Mas ficou tudo na mesma. E o lixo continua a chegar lá pelas mesmas vias que existiam quando foi inaugurado o Eco Parque, há mais de vinte anos. Uma realidade e uma desconsideração que nos deviam envergonhar.
João Calhaz

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