Sociedade | 09-11-2025 12:00

Psoríase afecta milhares de pessoas mas é possível viver com a doença sem limitações

Psoríase afecta milhares de pessoas mas é possível viver com a doença sem limitações
Dermatologista João Aranha alerta para a importância de desmistificar a psoríase - foto O MIRANTE

No Dia Mundial da Psoríase, que se assinalou na quarta-feira, 29 de Outubro, o dermatologista João Aranha recorda que esta é uma doença inflamatória da pele que ainda não tem cura e que afecta mais de 250 mil portugueses, dos quais 11 mil são ribatejanos.

A psoríase afecta cerca de 250 mil pessoas em Portugal e cerca de 11.500 são do Ribatejo, segundo o dermatologista João Aranha, médico há 35 anos no Hospital Distrital de Santarém. No âmbito do Dia Mundial da Psoríase, que se assinala a 29 de Outubro, O MIRANTE falou com o especialista sobre esta doença inflamatória crónica da pele, com possíveis envolvimentos articulares e impacto significativo na auto-estima e na qualidade de vida dos doentes.
Segundo aponta, as formas mais comuns surgem no couro cabeludo, cotovelos, joelhos e região lombar, com placas avermelhadas e descamação, embora existam casos graves que atingem todo o corpo. João Aranha destaca que, apesar de não ter cura, a psoríase é hoje uma doença controlável graças aos avanços terapêuticos das últimas duas décadas, que permitiram eliminar internamentos e devolver qualidade de vida aos doentes. “Houve uma verdadeira revolução no tratamento. Muitos pacientes vivem hoje sem sinais visíveis da doença”, afirma o dermatologista que tem clínica na Chamusca, de onde é natural, que reforça ainda a importância de combater o estigma e de promover a literacia sobre esta patologia.
Durante muito tempo, a psoríase foi motivo de vergonha e isolamento devido a ser visível e muitos doentes enfrentavam e ainda sofrem com o estigma e a falsa ideia de que é uma doença contagiosa. Contudo, João Aranha garante que “nada disso é verdade” e que a psoríase resulta de “uma reacção exagerada do sistema imunitário e não passa de pessoa para pessoa”. Entre as formas mais comuns está a psoríase vulgar, também conhecida como psoríase em placas, mas há variantes mais raras e graves, como a pustulosa e a eritrodérmica, que provocam sintomas mais severos e exigem tratamento especializado. Os surtos podem ser desencadeados por infecções, havendo também uma aparente predisposição genética e podendo a doença ser agravada por stress emocional ou físico, má reacção a medicamentos e consumo excessivo de álcool. “As causas estão muitas vezes associadas a infecções, como amigdalites, que provocam uma reacção cruzada, em que o organismo reage contra o micróbio e contra a própria pele. Muitas vezes, é assim que a doença começa”, explica o especialista.
O diagnóstico é habitualmente clínico, feito por observação directa, e os tratamentos evoluíram muito nas últimas décadas, com diversas opções, que vão desde cremes hidratantes e corticosteroides até fototerapia (exposição controlada à luz ultravioleta) e medicação de dispensa hospitalar, comparticipada a 100% pelo Estado. “Há 20 anos tínhamos doentes internados por psoríase, mas hoje isso praticamente desapareceu. Muitos vivem sem qualquer sinal da doença e em vez de terem de vir quase todos os meses ao hospital, vêm só duas vezes por ano”, destaca João Aranha. Apesar de não ter cura definitiva, a psoríase pode entrar em remissão total por longos períodos, havendo casos em que a doença desaparece durante anos, e outros em que se mantém controlada com ajuda de tratamento regular. “É como a hipertensão ou a diabetes, com o tratamento certo nem se nota a doença”, resume.
Para quem vive com psoríase, o conselho do médico é simples: cuidar da pele e da mente. “Dormir bem, evitar o stress e manter hábitos saudáveis fazem toda a diferença”, afirma João Aranha, que reforça ainda a importância da aceitação social da psoríase por todos. “É uma doença visível, e isso pesa muito no psicológico das pessoas, mas viver bem com a psoríase é possível e hoje, felizmente, a maioria das pessoas pode fazê-lo sem limitações”, conclui.

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