Vargos: uma aldeia de Torres Novas onde todos regressam a casa para comemorar os Santos
Vargos, uma localidade pertencente à União de Freguesias de Olaia e Paço, no concelho de Torres Novas, tem pouco mais de 30 residentes permanentes. Mas no Dia de Todos os Santos os que saíram da aldeia regressam a casa para conviver com os que ficaram.
Vargos é uma aldeia isolada no concelho de Torres Novas com pouco mais de 30 residentes a tempo inteiro mas no Dia de Todos os Santos, a 1 de Novembro, enche-se de gente para celebrar a tradição e a história de um povo. Os que partiram à procura de outras condições de vida regressam a casa para conviver com os que ficaram, num ambiente familiar e de partilha.
O MIRANTE acompanhou o “Pão por Deus” na aldeia, uma iniciativa que já se realiza há vários anos e que juntou, na edição deste ano, dezenas de pessoas de várias faixas etárias. As portas das casas estão abertas a todos, há boa comida e bebida, e muita música. Ana Ruivo é reformada e conta que se junta a este convívio desde pequena. A tradição começou quando os mais velhos decidiram juntar-se aos mais novos, ao abrirem as suas adegas e partilharem bom vinho, água-pé e os bolinhos tradicionais desta altura. A tradição ficou, as pessoas foram abandonando a aldeia, mas voltam sempre neste dia para conviverem juntas neste dia tão especial para a localidade. Décadas depois, continua enraizado no seio desta comunidade a importância deste dia, afirma. Paula Bento é um exemplo do quão importante é este dia. O seu pai nasceu em Vargos, mas Paula Bento conta que a aldeia para si sempre foi um paraíso nas férias. “Todos os anos volto à terra do meu pai para comemorar este dia”, vinca a O MIRANTE.
Sendo uma aldeia desertificada, estes eventos são de grande importância para manter vivo o espírito de uma comunidade pequena e a União de Freguesias de Olaia e Paço reconhece a sua relevância. Rui Nunes, presidente da união de freguesias, explica que a autarquia contribui todos os anos para a realização deste evento para que as tradições não morram e as aldeias não deixem de existir. Afirma que é um desafio estar à frente de uma freguesia rural e que é importante contribuir e estar presente nestes eventos que solidificam o espírito de uma comunidade pequena e envelhecida. O evento é habitualmente organizado pelos moradores e pela Casa Convívio Cultura e Recreio de Vargos, a associação cultural da localidade. Há também um roteiro organizado pelos moradores e pela associação de modo que nenhuma casa seja esquecida e para que todos saibam onde ir.


