Sociedade | 13-11-2025 15:00

Comissão de Utentes da Castanheira do Ribatejo investigada pelo Ministério Público

Comissão de Utentes da Castanheira do Ribatejo investigada pelo Ministério Público
Pedro Gago, da Comissão de Utentes da Castanheira do Ribatejo, está chocado com a situação - foto O MIRANTE

Em causa está a eventual prática de um crime contra a honra, devido a um comunicado emitido pela Comissão de Utentes da Castanheira do Ribatejo, no final do ano passado, onde se lia que a freguesia estava de luto por ter um centro de saúde fantasma. Líder da comissão está incrédulo com a atitude.

O presidente da Comissão de Utentes da Castanheira do Ribatejo, Pedro Gago, foi surpreendido a 15 de Outubro ao ser chamado para ir prestar declarações ao posto da GNR da vila no âmbito de um inquérito processual em curso visando a comissão. A Procuradoria-Geral da República confirma a O MIRANTE que está a correr termos no Ministério Público de Vila Franca de Xira um inquérito investigando a eventual prática de um crime contra a honra.
Ao dirigente foi explicado que o que está causa é o conteúdo de um comunicado emitido pela comissão no final do ano passado, onde se denunciava os problemas da falta de médicos e de condições no centro de saúde da vila. No mesmo texto lia-se que a freguesia estava de luto por ter um centro de saúde fantasma, sem médicos. Pedro Gago foi inicialmente arrolado como testemunha. “Não me disseram totalmente o que estava em causa, apenas queriam saber quem é que tinha assinado o comunicado e que tinha a ver com o que ali estava escrito, e que depois seria informado do resto pelo tribunal”, critica a O MIRANTE Pedro Gago, que diz acreditar que se possa tratar de uma queixa apresentada pelas entidades de saúde, locais ou nacionais.
A notificação enviada à comissão de utentes refere que nesta fase se trata de um acto processual integrado num processo já remetido ao tribunal. Até ao momento nem Pedro Gago nem a comissão tiveram acesso a qualquer queixa formal nem lhes foi comunicado se há arguidos constituídos. “Não sabemos se o processo é contra a comissão, contra mim ou apenas o tribunal a pedir algum esclarecimento”, lamenta o dirigente.
Pedro Gago, apesar de doente e com limitações físicas, tem sido uma das vozes mais activas na defesa dos utentes e de melhores cuidados de saúde em Castanheira do Ribatejo, alertando com regularidade contra o que considerava serem falhas graves do serviço de saúde. Perante este caso, diz esperar que não se trate de uma tentativa de condicionar a sua acção cívica e a liberdade de expressão.

Um centro de saúde “sem condições”
O comunicado emitido na altura pela comissão de utentes, onde também foi realizado um abaixo-assinado com centenas de assinaturas para enviar ao Ministério da Saúde, diz que Castanheira do Ribatejo estava de luto por falta de médicos de família e que se tratava de um centro de saúde fantasma. “O centro encontra-se com 7.733 utentes sem médico de família. Não tem condições dignas de funcionamento para os profissionais e receber os utentes, o ar condicionado já há anos que se encontra avariado e principalmente no Verão é insuportável estar muito tempo no edifício”, criticava-se no documento.
A comissão informava, no mesmo comunicado, que já tinha pedido reuniões com carácter de urgência ao Presidente da República, primeiro ministro, ministra da Saúde e ao presidente da Unidade Local de Saúde (ULS) Estuário do Tejo, reivindicando que fossem colocados cinco médicos de família no centro de saúde, que fosse integrado um médico ginecologista e que fosse implementado um novo horário para o centro de saúde, das 08h00 às 20h00. Também exigia o não encerramento do serviço de urgências do Hospital Vila Franca de Xira.

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