Câmara de Torres Novas rejeita encerramento da urgência pediátrica no hospital da cidade
Possibilidade de encerramento da urgência pediátrica de Torres Novas tem motivado queixas por parte de autarcas, deputados, sindicatos e população em geral.
A Câmara de Torres Novas manifestou “preocupação e oposição” ao possível encerramento da urgência pediátrica do hospital local, integrado na ULS Médio Tejo, defendendo que tal medida comprometeria a eficiência, equidade e acessibilidade dos cuidados pediátricos na região. “Não aceitaremos que o serviço de urgência pediátrica de Torres Novas seja encerrado. Essa decisão seria profundamente injusta para as famílias e para as crianças da região, e colocaria em causa o princípio da proximidade no acesso aos cuidados de saúde”, afirmou o presidente da Câmara de Torres Novas à Lusa.
A posição do município, presidido por José Trincão Marques (PS), surge no âmbito da consulta pública da proposta de “Rede de Referenciação Hospitalar – Pediatria”, colocada em discussão pelo Ministério da Saúde. A autarquia apresentou o seu contributo no dia 7 de Novembro, depois de o coordenador do grupo de peritos da Comissão Nacional da Saúde da Mulher e da Criança (CNSMC), Alberto Caldas Afonso, ter sugerido uma reestruturação dos serviços da Unidade Local de Saúde (ULS) Médio Tejo, incluindo o eventual encerramento da urgência pediátrica de Torres Novas. No documento enviado à tutela, a Câmara de Torres Novas argumenta que mais de 50% das crianças da área da ULS Médio Tejo residem nos concelhos de Torres Novas, Entroncamento, Alcanena e Vila Nova da Barquinha, reforçando “a centralidade demográfica e geográfica” da unidade hospitalar torrejana. Sublinha ainda que os dados internos indicam que “a maior parte dos utentes da pediatria provém dos concelhos de Torres Novas e Entroncamento”, o que “evidencia a importância funcional e territorial do serviço”.
O município sustenta igualmente que a manutenção da pediatria em Torres Novas garante o equilíbrio entre os três polos hospitalares da ULS Médio Tejo – Abrantes, Tomar e Torres Novas – e evita a sobrecarga de outras unidades, além de oferecer “as melhores condições de acessibilidade rodoviária e transporte público” na região. “Encerrar o serviço obrigaria muitas famílias a deslocações longas e difíceis, com impacto directo na resposta a situações urgentes”, alerta o município.
Também a Comissão de Utentes da Saúde do Médio Tejo (CUSMT) manifestou a sua oposição à perda destas valências, alertando que o plano “representa graves prejuízos humanos, sociais e de coesão territorial”. A CUSMT promoveu um abaixo-assinado com mais de 20 mil assinaturas, exigindo esclarecimentos ao Governo e a manutenção das unidades de pediatria e maternidade. Os deputados do PS eleitos por Santarém, Hugo Costa e Marcos Perestrello, também questionaram o Governo sobre a eventual reestruturação, num requerimento apresentado a 1 de Outubro. No documento, os parlamentares manifestam “repúdio por opções que, em nome de uma racionalização, prejudiquem directamente as populações”, pedindo esclarecimentos sobre os critérios técnicos e geográficos que possam justificar tal proposta. Em resposta aos deputados, o Ministério da Saúde garantiu, uma semana depois, que “não existe qualquer decisão que preveja o encerramento do serviço de urgência pediátrica do Hospital de Torres Novas ou da maternidade do Hospital de Abrantes”.


