Sociedade | 23-11-2025 21:00

Investigação de Bruno de Brito revela que primeira mulher a tocar numa filarmónica foi na Sociedade União Samorense

Investigação de Bruno de Brito revela que primeira mulher a tocar numa filarmónica foi na Sociedade União Samorense
Bruno de Brito - foto DR

No IX Congresso de História Local, em Alpiarça, o investigador Bruno de Brito apresentou a sua pesquisa sobre o papel das mulheres nas bandas filarmónicas ribatejanas entre 1945 e 1990, com especial destaque para Almeirim, Samora Correia, Santo Estevão, Vila Franca de Xira e Azambuja.

Bruno de Brito, historiador cultural natural de Aveiras de Cima, no concelho de Azambuja, apresentou no passado dia 9 de Novembro, em Alpiarça, uma pesquisa que realizou sobre o papel das mulheres nas bandas filarmónicas ribatejanas, intitulada de “Actividades Filarmónicas no Ribatejo: 1945-1990”. A investigação tem como objectivo explorar a evolução das práticas musicais associativas, os períodos de fragilidade e de enriquecimento das instituições bem como o papel transformador da mulher no contexto musical ribatejano.
Durante o regime do Estado Novo, até aos anos de 1960, as bandas eram compostas exclusivamente por homens, o que reflectia a visão tradicional de que o papel feminino se cingia ao espaço doméstico. Foi após o 25 de Abril de 1974, que a mudança começou a acontecer e a igualdade de direitos abriu portas para a participação das mulheres na música. Eram algumas as bandas que estavam fragilizadas pela saída de músicos para o serviço militar, e com isso abriram espaço à contribuição feminina.
Bruno de Brito afirma que, após investigação profunda, descobriu que a primeira mulher a tocar numa banda filarmónica da região terá sido Rosário Calhau, que em 1964 entrou para a Sociedade Filarmónica União Samorense a tocar um instrumento de sopro. Rosário Calhau foi a única mulher a tocar numa banda filarmónica durante o regime ditatorial e terá sido alvo de preconceito por tocar um instrumento de sopro, mas nessa altura eram os únicos que as bandas disponibilizavam. A Sociedade Filarmónica Santa Cruz de Alvarenga, pertencente ao concelho de Arouca, abriu em 1966 a participação de mulheres na banda, tornando-se assim pioneira e uma inspiração para todos. Foram várias as bandas que seguiram o mesmo rumo, nas quais as mulheres tocavam os instrumentos que estavam em falta.
Esta é uma investigação que envolveu várias localidades da região ribatejana, como Azambuja, Aveiras de Cima, Vila Franca de Xira, Almeirim, entre outras. Segundo o investigador, casos como o de Graça Coelho e Cristina Cristóvão, as primeiras mulheres a tocar numa banda no concelho de Azambuja, simbolizam a mudança de ideais. Ambas começaram a tocar em bandas ainda muito jovens, Graça Coelho com 13 anos, e Cristina Cristóvão com 10 anos. Mais tarde viram os seus filhos seguir o mesmo caminho musical. “As mulheres trouxeram uma nova vitalidade às bandas filarmónicas, não apenas garantindo a sua continuidade, mas também promovendo a diversidade e o envolvimento comunitário”, explicou. A presença feminina tornou-se um factor de renovação social e cultural, reforçando o papel destas instituições como espaços de identidade e expressão colectiva no Ribatejo.

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