José Gomes reencontrou o saxofone após carreira na Força Aérea
No Dia do Saxofonista, José Gomes fala sobre o instrumento musical que marcou a sua adolescência. Depois de uma longa pausa devido à carreira militar, retomou os ensaios na Associação Musical de Cabanas de Torres. Hoje em dia continua a participar activamente na banda filarmónica e raramente falha um ensaio.
José Gomes começou a tocar saxofone aos 14 anos na banda da Sociedade Filarmónica Olhalvense, colectividade onde o pai fazia parte da direcção e onde o avô tinha tocado o mesmo instrumento. Aprendeu solfejo e passou a tocar saxofone na banda de Olhalvo, de onde é natural. Recorda uma das várias procissões em que tocou, em Agosto de 1975. O caminho era íngreme e entre andar e tocar perdeu o fôlego.
Quando ingressou na Força Aérea, onde fez carreira, deixou de ter tempo para o saxofone. Ainda chegou a participar nos ensaios, mas acabou por abandonar porque não era compatível com a vida militar. Durante largos anos acompanhou a banda e a própria colectividade enquanto presidente. Em 2011 deu-se uma cisão e muitos músicos abandonaram a filarmónica de Olhalvo e criaram um novo grupo que é a Associação Musical de Cabanas de Torres (AMCT).
Na altura, a filha estava a aprender violino e o maestro Luís Ferreira desafiou-o para ajudar na nova filarmónica. Como já tinha passado à condição de reserva enquanto militar, começou em 2012 a frequentar os ensaios de música e agarrou novamente no saxofone. “Ainda me lembrei de muitas coisas, mas depois falta a performance. A parte mais difícil para tocar este instrumento, pelo menos para quem é amador, é o cérebro, porque nós tocamos todos com papel, lemos música e para isso é preciso saber”, explica.
Saxofone requer fôlego e boa manutenção
José Gomes raramente falta aos ensaios da banda filarmónica, uma vez por semana, à noite. Admite que em casa toca pouco, mas quando a AMCT tem actuações agendadas os ensaios são mais frequentes. O encontro anual de bandas filarmónicas do concelho de Alenquer é um dos momentos altos para os músicos e onde têm possibilidade de mostrar o que aprenderam. “Estão lá todos, uns para dizerem bem, outros para dizerem mal”, diz a rir, acrescentando que gosta de tocar peças clássicas.
O saxofone é um instrumento que requer cuidados de manutenção, sobretudo por causa da saliva. Assim que acabam os ensaios tem de se limpar a palheta, a boquilha e a saliva para evitar as manchas. Além disso, o saxofone é pesado e exige capacidade de sopro. Há instrumentos em que é preciso fazer mais força, mas colocar menos ar. No saxofone é preciso encher o tubo. É difícil, refere o músico amador, e é preciso treino. “Já perdi o fôlego algumas vezes. Por exemplo, nas procissões é preciso marchar e soprar e olhar para o papel, pensar e tocar com os dedos. Tenho que estar muito focado”, relata a O MIRANTE.
Sendo o mais velho da banda, José Gomes gosta do convívio com os músicos mais novos e sente-se acarinhado. Tocar saxofone é um passatempo e, por isso, não segue nenhum saxofonista de renome, apesar de gostar de ouvir John Coltrane. Numa única palavra descreve o saxofone como harmonioso e o tenor como poderoso. No que respeita aos instrumentos, usa o da banda e não entra em “loucuras”, até porque um saxofone de qualidade mediana pode custar 2.500 euros e os de topo acima dos 10 mil euros.


