Sociedade | 24-11-2025 14:31
“O Mundo não está brilhante e a liberdade de expressão e pensamento está ameaçada”
Jornalista, historiador e ex-deputado José Pacheco Pereira esteve em Arruda dos Vinhos a falar da censura e das mulheres amordaçadas pelo antigo regime. Perante uma plateia de estudantes o ex-deputado deixou alertas sérios sobre o futuro que temos pela frente.
Nunca como hoje a liberdade de expressão e pensamento esteve tão ameaçada, num Mundo que ao invés de estar brilhante insiste em mergulhar na escuridão, reflectiu o ex-deputado, historiador e jornalista José Pacheco Pereira na manhã de sexta-feira, 21 de Novembro, em Arruda dos Vinhos, falando para uma plateia de estudantes a propósito do 12º colóquio Irene Lisboa.
O tema era sobre Irene Lisboa e as mulheres censuradas do regime mas Pacheco Pereira optou por dar aos mais jovens uma amostra do que era viver em censura, partilhando histórias da sua adolescência, de quando tinha documentos falsos e teve de passar um ano fugido de casa depois da polícia política (PIDE) a ter revistado. “Um mundo que vocês nunca conheceram mas que ainda anda por cá”, avisou o historiador, lembrando que a sua vida por estes dias “é andar aos papéis” para fazer crescer a sua biblioteca pessoal, a Ephemera.
“Tivemos a segunda mais longa ditadura do mundo, só ultrapassada pela soviética. Naquele tempo nem numa esplanada se podia conversar com medo de quem tivesse a ouvir as conversas. Não se falava de sexo, não nos podíamos vestir como queríamos, as mulheres estavam amarradas a uma vida em casa e de servidão. A censura não queria as mulheres a escrever, quanto mais a afrontar o poder”, lamentou. Aludindo a Irene Lisboa, mulher que destacou como sendo “uma das grandes combatentes” pelo pensamento livre, José Pacheco Pereira lembrou a escritora de Arruda dos Vinhos como uma mulher que sofreu uma vida terrível, de eterna esperança por uma liberdade que, para ela, chegou tarde demais.
* Notícia desenvolvida na edição impressa de O MIRANTE
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