Médica Inês Manique alerta que a diabetes já não é apenas uma doença dos idosos
No Dia Mundial da Diabetes, que se assinalou a 14 de Novembro, os novos dados da Direcção-Geral da Saúde revelam um aumento preocupante de casos no país. A endocrinologista Inês Manique afirma que a doença já não é exclusiva dos idosos e defende hábitos de vida saudáveis como forma de prevenção.
Portugal registou, em 2024, quase 81 mil novos casos de diabetes, elevando para mais de 936 mil o número de pessoas inscritas nos centros de saúde com diagnóstico da doença. O anúncio foi feito pela Direcção-Geral da Saúde (DGS), na véspera do Dia Mundial da Diabetes, que se assinalou a 14 de Novembro. Os números confirmam a tendência de crescimento observada em anos anteriores, tanto no número absoluto de casos como na proporção percentual da população, alerta a DGS.
Os números não surpreendem Inês Manique, endocrinologista no Hospital da Luz Clínica Vila Franca de Xira, que, em contexto de consulta, tem encontrado pacientes cada vez mais jovens. “A diabetes já não é aquela dicotomia de ser uma doença dos idosos. Infelizmente, estamos a apanhar casos cada vez mais cedo”, disse a O MIRANTE, acrescentando que a obesidade, o sedentarismo e um estilo de vida pouco saudável propiciam muito mais a síndrome metabólica e a diabetes tipo 2.
A especialista defende que a literacia em saúde é um dos maiores desafios no combate à doença. Considera que ter um estilo de vida saudável não tem de ser caro, mas depende sobretudo de escolhas informadas e da consistência dos comportamentos. “As autarquias estão a criar cada vez mais espaços para as pessoas caminharem, fazerem exercício, e, por isso, ter um estilo de vida saudável não precisa de implicar grande investimento. Tem a ver com escolhas”, afirma.
Mudança de comportamentos é fundamental
A endocrinologista explica ainda que há ligação entre doenças autoimunes, como a diabetes tipo 1 e as patologias da tiróide, pelo que é importante rastrear o funcionamento da tiróide nestes doentes. No seu consultório, Inês Manique diz encontrar muitos pacientes com diabetes tipo 2 que descobrem a doença tardiamente. “São pessoas que passaram muito tempo sem ir ao médico e, de repente, percebem que têm um cocktail de doenças do foro cardiovascular, diabetes, obesidade, hipertensão ou fígado gordo”, refere.
Apesar de a diabetes tipo 1 continuar a ser menos frequente, a especialista lamenta ainda encontrar casos diagnosticados já em fase de complicações agudas, como a cetoacidose diabética.
Sobre a mudança de comportamentos, a médica reconhece que é um processo exigente. A diabetes é uma doença crónica que invade o dia-a-dia do doente. Interfere com a rotina, com o convívio social. “É preciso trabalhar as motivações das pessoas. Para umas pode ser ter mais qualidade de vida, nos mais idosos podem ser os netos. Tem de haver escuta activa”, vinca.
Como mensagem para o Dia Mundial da Diabetes, a médica reforça que a prevenção e o estilo de vida saudável são as melhores armas contra a doença. É necessário fazer exercício físico nem que seja caminhar 30 minutos, no mínimo, por dia, evitar peso excessivo e ter uma alimentação saudável.


