Nersant fica sem presidente da direcção depois da renúncia ao cargo de Pedroso Leal
António Pedroso Leal pediu a renúncia ao cargo de presidente da direcção da Nersant invocando problemas familiares. O seu mandato termina daqui a quatro meses, data em que deverá ser realizada a assembleia geral para a eleição dos novos corpos gerentes. Demissão pode dever-se também a cinco anos de gestão sem rumo e estabilidade directiva e organizacional.
O presidente da assembleia-geral da Nersant - Associação Empresarial da Região de Santarém - informou os associados que o presidente da direcção, António Pedroso Leal, pediu a renúncia do cargo com efeitos a partir de quarta-feira, 26 de Novembro. Segundo informa, o pedido de demissão deve-se a “motivos particulares ligados à saúde de um familiar, invocando um acompanhamento incompatível com as funções” de presidente da direcção da Nersant.
A demissão pode estar também ligada às dificuldades na gestão da associação que, mais de cinco anos depois da gestão das direcções de Domingos Chambel, ainda não encontrou um rumo e uma estabilidade directiva e organizacional. Recentemente O MIRANTE deu conta que António Pedroso Leal estava a receber ajuda de custos na ordem dos dois mil euros mensais, situação até agora inusitada numa associação com mais de 30 anos de história. Curiosamente a Nersant fez um comunicado aos associados dando conta da situação da venda do pavilhão, que também foi notícia no nosso jornal, mas não esclareceu a questão das ajudas de custo.
Segundo O MIRANTE apurou, o responsável pelo Centro de Empresas de Santarém é um dos problemas por resolver. Paulo Marques tem sido o rosto da direcção da Nersant em várias iniciativas, mas, segundo apuramos, não tem qualquer ligação laboral à Nersant, não faz parte da direcção, nem é conhecido dentro da organização. Depois da publicação online da notícia do pedido de demissão, Paulo Marques falou com O MIRANTE e disse que a sua ligação à Nersant faz-se através de um contrato de serviços, e que não tem nada a ver com a estrutura associativa.
António Pedroso Leal é ainda acusado por alguns associados de aparecer pouco, delegando a presença da direcção no vice-presidente Rui Serrano, e também em Paulo Marques, que disso vai dando notícia nas suas redes sociais.
Como O MIRANTE tem vindo a dar conta, a Nersant tem diminuído a sua actividade e tem cada vez menos expositores e participantes nas suas feiras, além de ter diminuído o apoio ao empreendedorismo e criação de novas empresas. Esta é uma das conclusões que se retiram do relatório de contas do ano de 2024 da entidade gerida pelo solicitador e agente de execução Pedroso Leal. A Fersant, que era uma feira empresarial de referência na região e no país, é a imagem da falta de vigor da associação que registou o menor volume de rendimentos das últimas duas décadas (1,11 milhões de euros). A Nersant também tem vindo a perder presença na zona sul do distrito de Santarém, sendo que em termos de novos sócios, 68% são da zona do Médio Tejo. Também tem menos participação em termos das grandes empresas, dos sectores industrial e agro-industrial, sendo que os novos associados são em grande parte empresas unipessoais. Desde a entrada em funções da direcção de Pedroso Leal acentuou-se uma perda de visibilidade e de importância da associação, que se evidenciou com a política de gestão do seu antecessor, Domingos Chambel.
À margem/opinião
Pedroso Leal foi para a Nersant anunciar milhões
Embora seja o jornalista mais jovem do núcleo duro da redacção de O MIRANTE, já tenho algumas medalhas no exercício da profissão de que me orgulho. Uma delas foi ter sido impedido de participar numa conferência de imprensa da Nersant que convocou toda a comunicação social da região, menos O MIRANTE, quando o assunto da conferência era para esclarecer notícias que tínhamos publicado. Digo que é medalha por que embora não me tivessem deixado entrar na sala, tive de ouvir das boas de alguns dirigentes como “o que é que estás aqui a fazer”, “vocês deviam ter vergonha”, “não pode fotografar sem pedir autorização”, entre outros mimos, como o que saiu da boca do impagável Domingos Chambel: “vocês não podem entrar na conferência de imprensa porque a direcção decidiu por unanimidade cortar relações com o seu jornal”. Ouvir esta declaração de um dirigente associativo que já tinha mais de 18 anos quando se deu o 25 de Abril de 1974, que mais podemos esperar do patrão da TRM - Tratamento e Revestimento Metais, Lda?
Outra medalha, também da Nersant, foi-me dada de bandeja pelo sucessor de Chambel, o senhor António Pedroso Leal. Numa conferência em Rio Maior anunciou a todos os representantes dos jornais e rádios convidadas que a Nersant no seu primeiro mandato ia gastar dois milhões de euros em publicidade a divulgar as suas iniciativas. Como é fácil de verificar terá gasto alguns euros, mas foi para pagar o anúncio obrigatório da realização da sua assembleia-geral. E porquê a medalha? Porque o orador convidado deste encontro foi Pedro Jerónimo, que fez a sua tese de doutoramento acompanhando durante vários dias o trabalho dos jornalistas de O MIRANTE, com toda a liberdade de circulação na redacção, assim como na relação com todos os jornalistas da casa. O MIRANTE foi só um dos três jornais que lhe serviram para a tese, mas o que está em causa é que não fomos convidados quando o conferencista principal se inspirou no nosso trabalho. Como é evidente Pedro Jerónimo não precisou desse texto nem dessa experiência para realizar a sua palestra, mas não deixa de ser significativa a sua escolha. O orador convidado pela direcção da Nersant para falar sobre jornalismo deve ter ficado a pensar: estes gajos do Ribatejo são uns tansos. Com dirigentes destes a investirem tanto dinheiro em publicidade quem é que não faz bom jornalismo?
Agora que Pedroso Leal deixou a direcção da Nersant, certamente a sonhar ainda com os 2 milhões de euros que nunca teve nem para gerir a associação, envio-lhe daqui uma pergunta: não está na hora de pedir desculpa pela má figura que fez na direcção da Nersant e na relação comigo e com os meus colegas jornalistas, prometendo o que bem sabia que não podia cumprir?
Bernardo Emídio


