Sociedade | 02-12-2025 10:00

Autarca de Alpiarça dispensa advogado em mais uma batalha com família Rosa do Céu

Autarca de Alpiarça dispensa advogado em mais uma batalha com família Rosa do Céu
João Rosa do Céu deixa de ser advogado da Câmara de Alpiarça na sequência de uma guerra da sua família com a presidente - foto arquivo O MIRANTE

A presidente da Câmara de Alpiarça teve um primeiro mandato marcado por uma guerra com Joaquim Rosa do Céu, presidente da Fundação José Relvas e seu mandatário nessas eleições, que acabaram por envolver a filha dele, que renunciou à vice-presidente da autarquia e o filho que se demitiu da concelhia do PS. No início do segundo mandato a autarca espera acabar o ciclo de batalhas dispensando o filho do seu ex-mandatário de advogado do município.

A presidente da Câmara de Alpiarça, Sónia Sanfona, vai dispensar os serviços do advogado João Rosa do Céu no final deste ano quando acaba o contrato de avença, terminando uma prestação de serviços que vem desde 2022 quando a família do advogado ainda estava nas boas graças da autarca. Nos três primeiros anos o advogado recebeu 68.541 euros para representar o município em juízo, como ir a tribunal, contestar ou intentar acções judiciais nos tribunais. Esta decisão não é alheia à guerra que estalou entre a presidente e a família Rosa do Céu.
No início de 2025 a autarca tinha anunciado a contratação da sociedade de advogados Dower CMNS, a vigorar durante um ano, pelo valor de 18 mil euros. A ideia agora é alargar o leque de serviços requeridos a esta sociedade, incluindo a representação em juízo que estava nas mãos do então presidente da concelhia do PS de Alpiarça, que se demitiu antes das autárquicas em contestação à escolha dos candidatos. Uma opção que visava essencialmente Sónia Sanfona, na sequência de uma rota de colisão que envolvia a sua irmã, Margarida Rosa do Céu, e o seu pai Joaquim Rosa do Céu (ler explicação mais abaixo).
O contrato com a Dower CMNS visa, até agora, o tratamento de assuntos internos da autarquia como contratação pública, urbanismo e parte institucional de recursos humanos. “Vamos tentar manter a avença com a sociedade de advogados e tentar assegurarem outro apoio de consultadoria jurídica e representar o município em juízo”, sublinha Sónia Sanfona que actualmente tem um gabinete jurídico interno desfalcado. O serviço municipal, que faz os pareceres de apoio à decisão do executivo ou para elaboração de contratos, por exemplo, tinha duas juristas, mas uma delas saiu para uma câmara municipal vizinha.
No início do primeiro mandato a ideia era que a presidente estava condicionada na sua governação pela família Rosa do Céu, que sempre dominou a Fundação José Relvas e algumas facções do PS e da autarquia, da qual Joaquim Rosa do Céu foi presidente entre 1997 e 2008, mas Sónia Sanfona foi conseguindo enfrentar o patriarca da família, que foi várias vezes a reuniões públicas da câmara questionar a autarca. Nessa guerra, Margarida Rosa do Céu renunciou aos pelouros e à vice-presidência da autarquia no final de Novembro de 2024, quando já se sentia um mal-estar entre Sanfona e Joaquim Rosa do Céu, o seu mandatário nas eleições de 2021. As provas do mal-estar ficaram evidentes quando a autarca decidiu assumir o processo para a aquisição de apartamentos em Santarém para o legado Manuel Nunes Ferreira, com o dinheiro da venda de um prédio em Lisboa, que estava, com o beneplácito do município, a ser conduzido pelo presidente da instituição, que é a beneficiária dos lucros da gestão do legado.
Lembre-se que na renovação do contrato de João Rosa do Céu para 2025, a presidente dizia, ainda numa perspectiva de paz política, que o advogado que representa o município “tem de ser um advogado da nossa confiança, por isso o contratámos”. Para além de advogado do município, João Rosa do Céu acumulou durante uma parte do primeiro mandato autárquico de 2021-2025 estas funções com as de eleito da assembleia municipal pelo PS. A situação motivou uma queixa em tribunal por parte do PSD e João Rosa do Céu acabaria por renunciar ao mandato no início de 2024, antes de se conhecer a decisão do Tribunal Administrativo e Fiscal de Leiria.

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