PJ recolheu documentos de mandatos anteriores na Câmara de Coruche
O município de Coruche afasta qualquer relação das buscas da Polícia Judiciária com fundos comunitários ou com o programa PROVERE.
O presidente da Câmara Municipal de Coruche, Nuno Azevedo, esclareceu que os documentos recolhidos pela Polícia Judiciária (PJ) durante as buscas realizadas a 27 de Novembro dizem respeito a mandatos anteriores. “O período temporal não tem a ver com este mandato”, confirmou, adiantando que não dispõe de informação concreta sobre as datas exactas dos processos visados.
Segundo o autarca, não há registo de pessoas constituídas arguidas no âmbito da operação. As diligências ocorreram sobretudo no edifício dos Paços do Concelho, embora alguns serviços estejam temporariamente deslocalizados devido à preparação de obras no imóvel. Os inspectores deslocaram-se também a espaços nas imediações, incluindo o serviço de informática, onde alguns computadores foram retidos temporariamente para recolha de informação, tendo os equipamentos permanecido na autarquia após a conclusão das buscas.
O material apreendido foi “sobretudo documental, em formato papel”, relacionado com fases de execução e decisões de contratação. Os inspectores retiveram ainda documentação existente na delegação do Couço, onde funciona o serviço de transportes cujo processamento administrativo é realizado por uma funcionária ali colocada.
Nuno Azevedo rejeitou ainda informações inicialmente avançadas por alguns órgãos de comunicação social, que associavam a investigação a fundos comunitários ou ao Programa de Valorização Económica dos Recursos Endógenos (PROVERE). Salientou também que as datas constantes no auto de diligências são posteriores às eleições autárquicas de 12 de Outubro, contrariando notícias que sugeriam que a operação estaria prevista para a semana anterior ao acto eleitoral.
Recorde-se que no próprio dia das buscas, a autarquia tinha garantido, em comunicado, “total disponibilidade para prestar todos os esclarecimentos solicitados” e reiterado o compromisso com “transparência, rigor e responsabilidade na gestão pública”. O município estranhou, contudo, que a divulgação pública da operação tenha ocorrido antes da entrada dos inspectores nas instalações camarárias, e já com referência ao alegado âmbito das diligências.
“Naturalmente, estranhámos”, afirmou a câmara municipal na altura. Ainda assim, assegurou que a situação “não altera a postura da autarquia: cooperar, esclarecer e permitir que a investigação decorra com total serenidade e normalidade institucional”.


