Projecto da nova biblioteca do Entroncamento com alterações por instabilidade no terreno
Problemas no solo causados pelas chuvas intensas obrigam agora a ter que se recuar muros de suporte e à revisão do parque subterrâneo do projecto, levando à diminuição de 74 para 70 lugares de estacionamento.
A empreitada da nova centralidade da zona norte, que inclui a construção da nova Biblioteca Municipal do Entroncamento, voltou a gerar debate político depois de o empreiteiro ter identificado instabilidade no terreno junto aos edifícios habitacionais, impossibilitando a execução das escavações previstas no projecto inicial. A situação obrigou o projectista a apresentar uma solução alternativa, que implica deslocar dois muros de suporte mais para o interior do terreno e reduzir de 74 para 70 os lugares de estacionamento do piso subterrâneo.
O presidente da câmara, Nelson Cunha, explicou que a instabilidade foi identificada após os recentes períodos de chuva intensa e que a alteração “é obrigatória para garantir a segurança e a continuidade dos trabalhos”, assegurando que não haverá custos adicionais para o município. O autarca afirmou ainda que, apesar de o executivo ter herdado o projecto, cabe agora garantir que o que está previsto é cumprido e fiscalizado, lamentando apenas a perda de quatro lugares de estacionamento num concelho onde essa carência é recorrente.
O vereador Rui Madeira (PSD) deixou várias críticas a certas vertentes do projecto, começando por lamentar que não tenham sido seguidos “os procedimentos adequados” para prevenir o deslizamento de terras. Sublinhou também que esta nova alteração confirma que não foi respeitado o compromisso assumido no anterior mandato pelo PS de alargar a rua adjacente à biblioteca para 7,5 metros, condição que o PSD afirma ter imposto para viabilizar a obra na altura. “Queremos deixar aqui esta nossa nota de desagrado relativamente a esta situação, que vai comprometer o futuro deste local, que podia ser realmente um local feito em condições”, sublinhou. O vereador chamou ainda a atenção para a inexistência de passeios naquela via, alertando que a solução actual e falta de cumprimento do pedido de alargamento da via vai “estrangular a circulação” e comprometer o ordenamento urbano naquela zona. “Vamos fazer fazer uma obra que é a nova centralidade, que é uma obra importante que vai dar outra imagem ao concelho e a rua adjacente à biblioteca nem sequer tem passeios. É lamentável esta situação”, salienta.
O vereador Ricardo Antunes (PS), argumentou que as alterações agora propostas são decorrentes de imprevistos típicos de uma obra desta dimensão e que a instabilidade do solo pode variar significativamente dentro da mesma área. Relativamente à discussão antiga em torno da via proposta pelo PSD para desviar trânsito, reiterou que essa solução não é viável tecnicamente nem financeiramente, defendendo antes o reforço de uma circulação externa, articulada com a A23 e com a zona industrial.
O presidente da câmara reconheceu que existem visões políticas distintas sobre o desenho da nova centralidade, mas apelou a que haja consenso e lembrou que muitas opções já não podem ser alteradas, dado que a obra está em andamento. A proposta de alteração foi aprovada por maioria, com duas abstenções do PSD.


