Benavente e Coruche pressionam Governo para cumprir limpeza do Sorraia
Os municípios de Benavente e de Coruche continuam à espera de orientações e do calendário da Agência Portuguesa do Ambiente para a intervenção anunciada pelo Governo no rio Sorraia, onde a praga de jacintos-de-água se agravou nos últimos anos.
A invasão de jacintos-de-água no rio Sorraia e noutros cursos de água da região continua, aparentemente, sem avanços na sua erradicação, enquanto os municípios de Benavente e Coruche aguardam definições da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) sobre o plano de intervenção anunciado pelo Governo para 2025.
O presidente da Câmara de Coruche, Nuno Azevedo, admite que o problema tem oscilado ao ritmo dos caudais, obrigando a meios variáveis de actuação. “Os jacintos-de-água são um tema que decorre muito em virtude dos caudais: ora se colocam mais meios quando os caudais são menores, ora se empenha menos quando há uma limpeza natural das linhas de água através do aumento dos caudais”, afirmou.
O autarca recorda que existiu, “a determinada altura”, um entendimento entre os três municípios, incluindo Salvaterra de Magos, e o Ministério do Ambiente, mas diz não dispor de informação adicional sobre o ponto de situação das medidas então discutidas.
Também em Benavente, a nova presidente da câmara, Sónia Ferreira, confirma que a autarquia procura respostas e clarificação da parte da APA. “Obviamente que a nossa intenção é erradicar os jacintos-de-água do rio Sorraia e também do Almansor, embora o maior problema seja no Sorraia. Esta espécie tem trazido inúmeros constrangimentos às populações e às actividades económicas”, indicou a O MIRANTE.
A autarca sublinha que o município não quer “viver de costas voltadas para os rios” e adianta que há projectos de requalificação de margens que cruzam com a necessidade de intervenção ambiental. Contudo, lembra que o executivo tomou posse há cerca de um mês e que o orçamento de 2026 ainda está condicionado pelos compromissos anteriores. “Só com a reunião que vamos ter em breve com a APA é que podemos perceber que investimento podemos esperar e que prazos estão em cima da mesa”, afirma.
Questionada sobre a possibilidade de Benavente adquirir uma ceifeira aquática semelhante à usada em Águeda - equipamento financiado pelo Fundo Ambiental -, a autarca responde com cautela. “Temos que avaliar. Curiosamente, até foi uma empresa de Benavente que vendeu essa ceifeira, o que torna curioso como foi possível resolver o problema em Águeda e não no próprio concelho. São curiosidades da vida. Se temos no nosso município quem tenha o know-how para nos ajudar nesta situação melhor ainda, mas tudo dependerá da conversa com a APA e dos fundos disponíveis”, sublinha.
Contactada pelo O MIRANTE, no início de Novembro, a Agência Portuguesa do Ambiente não respondeu às questões sobre o estado actual, o calendário e a execução prática do plano de intervenção no rio Sorraia.
Promessas do Governo sem sair do papel
Em Dezembro de 2024, os municípios de Benavente e Coruche reuniram com a então ministra do Ambiente, Maria da Graça Carvalho, que garantiu o início da intervenção no Sorraia em 2025, com financiamento assegurado para limpeza da praga, renaturalização de margens e reparação das pontes da Escusa e do Rebolo. Obras há muito reivindicadas pelas populações, mas que continuam sem sair do papel. Num comunicado emitido a 11 de Dezembro desse ano, o Governo afirmou que o rio passaria a contar com uma equipa permanente de monitorização e com o uso de uma ceifeira aquática financiada pelo Fundo Ambiental.
Educação ambiental e combate a outras espécies invasoras
Na semana passada, a Câmara de Coruche mostrou a estudantes do ensino secundário como funciona uma ceifeira aquática, no âmbito de uma acção de educação ambiental financiada pelo Fundo Ambiental. A iniciativa decorreu junto à Praia Fluvial do Sorraia e incluiu a participação de alunos do 10.º ano, que aprenderam sobre o impacto de duas espécies invasoras aquáticas: o jacinto-de-água e a pinheirinha-de-água.


