Bombeiros exigem pagamento de 30 ME em dívida pelas ambulâncias pré-hospitalares
Verbas em falta, para custear as ambulâncias de emergência médica, têm impacto no pessoal das corporações e, dependendo do número de ambulâncias existentes, os atrasos prejudicam o orçamento, alerta presidente da Liga.
A Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) reclama o pagamento imediato da dívida de 30 milhões de euros às corporações respeitante ao transporte de doentes urgentes para os hospitais e pediu para ser ouvida em qualquer reforma do sector. O alerta foi deixado no final de um Conselho Nacional da LBP que decorreu em Felgueiras, com o presidente da instituição, António Nunes, a criticar os atrasos de três meses e meio das verbas para custear as ambulâncias de emergência médica estacionadas nos quartéis de bombeiros.
“Vimos exigir o pagamento imediato dos cerca de 30 milhões de euros que o Ministério da Saúde e INEM (Instituto Nacional de Emergência Médica) devem às associações humanitárias de bombeiros e consideramos inaceitável que não sejam liquidadas as despesas fixas de setembro, outubro e novembro”, afirmou à Lusa António Nunes.
Segundo o dirigente, “os bombeiros são os parceiros privilegiados da emergência médica em Portugal, fazendo mais de 90% do transporte de doentes urgentes e emergentes para os hospitais” e devem ser respeitados os acordos assumidos.
“Pela primeira vez no transporte de doentes urgentes está-se a verificar esta situação, até agora havia atrasos que poderiam ser de um mês, mas não era um problema. Agora não recebemos desde setembro”, explicou, salientando que se trata de “um ressarcimento de despesas” já feitas. “As associações já pagaram o combustível, os seguros, as reparações e os salários das equipas permanentes”, referiu, acrescentando que para a liga, “é inaceitável que o Estado queira que os bombeiros estejam a financiar o próprio Estado em questões que têm previsibilidade, como é este caso”.
António Nunes considera que este atraso constitui “um factor desestabilizador das associações, cria constrangimentos e dificulta até a relação das comunidades com as associações, porque os dirigentes têm de andar sempre à procura de soluções miraculosas para financiar as estruturas”.
“Se o Estado sabe que tem de pagar todos os meses para ter uma ambulância disponível 24 horas num determinado local então tem de pagar”, explicou. Estas verbas têm impacto no pessoal das corporações e, dependendo do número de ambulâncias existentes, os atrasos prejudicam o orçamento, podendo representar de 10 a 50% nalguns casos. “Cada associação tem as suas características. Tudo depende da dimensão e dos serviços”, explicou António Nunes.


