Projecto para painéis fotovoltaicos da Renova gera críticas em Torres Novas
Unidade de produção de energias renováveis da Renova vai ocupar uma área correspondente a mais de oito hectares. O projecto foi reconhecido pela assembleia municipal como sendo de interesse público municipal. CDU e Bloco de Esquerda dizem que distanciamento mínimo de habitações não foi salvaguardado. Presidente da câmara garante que normas foram cumpridas.
A Assembleia Municipal de Torres Novas reconheceu o Interesse Público Municipal para a instalação de uma unidade de produção para auto-consumo, de painéis fotovoltaicos, para a Renova - Fábrica de Papel do Almonda, S.A. A proposta, que já tinha sido aprovada pelo executivo municipal, gerou críticas à esquerda, tendo merecido o voto contra da CDU e uma abstenção do Bloco de Esquerda.
O presidente do município, José Trincão Marques (PS), referiu que não pode existir “preconceito nem em relação à energia solar nem em relação a Renova, que é uma empresa que é referência no concelho”. Acerca da localização, que foi questionada pelo BE e CDU, o autarca socialista disse que fica a cerca de dois ou três quilómetros do Parque Natural da Serra de Aire e Candeeiros (PNSAC) e que de acordo com os serviços do Estado “as normas foram cumpridas”.
Para a eleita da CDU, Ana Besteiro, a proposta merecia uma análise em maior profundidade uma vez que se trata de um parque fotovoltaico de 8,5 hectares (ha), o que corresponde a oito campos e meio de futebol. “Preocupa-nos que não se mantenha a distância mínima das áreas residenciais, preocupa-nos que na área de implantação haja linhas de água, preocupa-nos os impactos ambientais deste tipo de unidades, nomeadamente o sobreaquecimento”, disse a eleita, sublinhando que a CDU não vê nesta unidade “qualquer benefício para as populações ou em especial para a população da Zibreira”. Além disso, acrescentou, numa altura em que “o país questiona projectos do género e duvida do seu impacto futuro não faz sentido reconhecer o Interesse Público Municipal” a esta unidade.
Por sua vez, Diogo Gomes (BE) afirmou que a localização do projecto “não respeita o afastamento mínimo de 500 metros das residências, ou seja, os munícipes terão um campo de 8,5ha de painéis como vizinho imediato o que compromete a sua qualidade de vida”. Além disso, referiu, a instalação vai ser feita numa zona de grande sensibilidade ambiental e paisagística e, por isso, a câmara municipal deveria ter “exigido medidas de enquadramento que salvaguardassem o PNSAC. “É imperativo que haja um equilíbrio entre o interesse da produção de energia e o direito das populações”, mencionou.


