Sociedade | 19-12-2025 07:00

Lacunas em relatórios técnicos podiam ter levado à demolição desnecessária de jardim de infância no Entroncamento

Lacunas em relatórios técnicos podiam ter levado à demolição desnecessária de jardim de infância no Entroncamento

Técnica municipal de Urbanismo do Entroncamento confirma que o jardim de infância não precisa de ser demolido, depois de terem verificado a existência de duas sapatas que não constavam em relatórios anteriores, acentuando as divergências políticas entre a reabilitação ou a demolição do edifício.

O futuro do Jardim de Infância Sophia de Mello Breyner voltou à discussão na reunião da câmara do Entroncamento de 2 de Dezembro, devido a novos desenvolvimentos que reacenderam o debate político. O presidente da autarquia, Nelson Cunha, revelou que afinal existem duas sapatas cuja suposta ausência justificava a demolição do edifício e a técnica municipal de urbanismo confirmou igualmente que a escola pode ser recuperada e que não há motivos estruturais que imponham a sua demolição.
O tema surgiu após o vereador Rui Madeira (PSD) ter reforçado que seja feito um estudo de custo-benefício apresentado e proposto pelo próprio Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) por duas vezes à câmara, para decidir entre demolição e reabilitação do Jardim de Infância Sophia de Mello Breyner. Para o vereador, esse estudo é fundamental antes de se avançar com “recursos financeiros muito significativos”, salientando que o edifício é recente e que pode ser uma solução para as necessidades educativas urgentes do concelho.
A surpresa da reunião surgiu quando o presidente da câmara, Nelson Cunha, anunciou que visitou recentemente o local com um funcionário municipal e confirmou que as duas sapatas que constavam como “desaparecidas” em relatórios anteriores afinal estão no local. O autarca descreveu a descoberta como um “tesouro encontrado” e reconheceu que tal altera a percepção sobre a necessidade de demolir o edifício. Contudo, alertou que o processo de financiamento para a demolição e construção de um novo edifício encontra-se “numa fase muito avançada”, e que um eventual retrocesso na decisão já tomada poderia ser prejudicial para o município e que “não seria uma acção benevolente em prol da comunidade”. “O custo-benefício para mim é o que for mais rápido, de forma a dar melhores condições às crianças e famílias. Para mim aquilo que nos der certezas de um projecto concretizado o mais rapidamente possível, será o que for para avançar”, destacou.
Também a técnica municipal de urbanismo, Sandra Santos, confirmou que a escola não precisa de ser demolida, após ter também visitado o edifício e avaliado o estado da estrutura. Sublinha que apesar de existirem fissuras e a necessidade de reforçar alguns pontos da estrutura, o edifício é recuperável. “A escola parece-me ainda com boas condições no geral. Mesmo as salas, casas de banho e todas as louças sanitárias estão impecáveis. Talvez a parte que foi ampliada precise de alguns melhoramentos”, ressalta.
Depois das explicações da técnica, Rui Madeira reforçou ainda mais a sua posição e afincou que “seria um crime” demolir uma escola que, segundo os próprios serviços municipais, precisa apenas de reabilitação. Em relação às sapatas, disse que “é muito grave aquilo que foi encontrado” e exigiu esclarecimentos sobre o que correu mal nos processos técnicos anteriores. “Não foi o LNEC que disse que não havia sapatas, foi uma empresa que foi escolhida para fazer as sondagens que apresentou esse resultado e se aquilo que encontraram agora foi nos mesmos sítios onde essa empresa fez as sondagens, então a situação é ainda mais grave”, afirmou, insistindo que a decisão de demolição deve ser travada até existir o estudo de custo-benefício recomendado pelo LNEC.
Nelson Cunha encerrou o debate reforçando que a estrutura, mesmo que não seja demolida, necessita de reforços, e que a escola é urgente para substituir os blocos modelares que continuam a ser usados pelos alunos actualmente. “Entre ter uma escola em 2026 ou ter em 2027, eu prefiro a escola em 2026. Portanto, se for um prazo temporal demasiado alargado, acho que é preferível gastar um pouco mais, mas ter uma escola o mais rapidamente possível. Esta é uma pedra no sapato, mas estamos aqui para solucionar”, salientou.

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