Sociedade | 29-12-2025 15:00

Agrupamento de Escolas do Cartaxo cria kit de acolhimento para integrar alunos imigrantes

Agrupamento de Escolas do Cartaxo cria kit de acolhimento para integrar alunos imigrantes
Professora Ana Machado - foto O MIRANTE

Escola Básica Marcelino Mesquita no Cartaxo criou um kit para ajudar na integração de alunos estrangeiros na comunidade educativa.

O número de alunos imigrantes no Agrupamento de Escolas do Cartaxo levou à criação de um kit de acolhimento que tem como objectivo promover a integração mais eficaz destes estudantes na comunidade educativa. Esta iniciativa surge da necessidade de ultrapassar barreiras linguísticas e culturais que dificultam o percurso escolar de muitos alunos recém-chegados a Portugal.
Ana Machado, coordenadora de Português Língua não Materna (PLNM) da Escola Básica Marcelino Mesquita, natural de Castelo Branco, já lecciona desde o ano lectivo 2003/2004. Professora no Agrupamento de Escolas do Cartaxo há dois anos, ajuda na integração de alunos estrangeiros através de um kit criado por anteriores colegas. A integração de alunos estrangeiros no estabelecimento de ensino é um processo que a direcção escolar acompanha ao longo dos anos, contudo os professores e todo o corpo docente contribuem para que a integração seja feita da melhor maneira. A ideia para a criação do kit surgiu da necessidade de integração dos alunos no contexto escolar, visto que há cada vez mais alunos de língua estrangeira a matricularem-se em todas as escolas do país. “Para nós os alunos migrantes não são mais um número de matrícula. São alunos que trazem consigo histórias, novas culturas, novos conhecimentos que pretendemos integrar na nossa cultura também”, sublinha Ana Machado.
Segundo a professora, a comunicação é um dos principais obstáculos para a inclusão dos alunos. “Sem língua não há comunicação. A comunicação é essencial para a inclusão”, reforça. O processo começa logo no acto da matrícula, com o preenchimento de uma ficha sociolinguística que recolhe toda a informação sobre o país de origem do aluno, percurso escolar e línguas que fala. Posteriormente é realizado um teste diagnóstico para avaliar o nível de proficiência de português em que o aluno se encontra, permitindo encaminhar os estudantes para aulas adequadas ao seu nível, nomeadamente Português Língua Não Materna, quando aplicável.
Os alunos não são separados das turmas regulares, mas frequentam aulas de português ajustadas às suas necessidades linguísticas. Esta organização permite um acompanhamento mais próximo e um ensino mais direccionado, contribuindo para melhores resultados académicos e maior bem-estar entre os alunos. O kit inclui um panfleto informativo sobre a escola e o agrupamento, oferta formativa, projectos, contactos institucionais e serviços essenciais, destinando-se não só a alunos, mas também às suas famílias. “A família é fundamental no processo de integração. Os alunos acabam por ser a ponte entre a escola, a família e a sociedade”, sublinha Ana Machado. Apesar da crescente diferença cultural e da escassez de professores, Ana Machado considera que a escola pública está bem preparada para responder a esta nova realidade. “Há um esforço colectivo para promover a inclusão, a coesão social e uma escola mais justa para todos”, acrescenta a professora.
Actualmente o agrupamento acolhe cerca de 50 alunos estrangeiros oriundos de países como Venezuela, Colômbia, Paquistão, Índia, China, Síria, Ucrânia, Japão e Brasil. Para o futuro está prevista a tradução do kit para as várias línguas maternas dos alunos, um trabalho colaborativo entre os professores e os próprios alunos.

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