Museu de Abril em Santarém vai para instalações da Startup da Nersant
O Centro de Inovação Empresarial de Santarém, incubadora de empresas da Nersant instalada há uma década na antiga Escola Prática de Cavalaria, vai ter de mudar de casa. A Câmara de Santarém pretende instalar o Museu de Abril e dos Valores Universais no espaço onde funciona desde 2016 a Startup de Santarém.
A Câmara de Santarém mudou de ideias e o Museu de Abril e dos Valores Universais (MAVU) a instalar na cidade vai ocupar a ala principal da antiga Escola Prática de Cavalaria (EPC), o que vai obrigar à deslocalização do CIES – Centro de Inovação Empresarial de Santarém/Startup de Santarém, da Nersant, que aí funciona desde Março de 2016.
Até há pouco tempo, a intenção do município era construir um edifício de raiz numa das paradas da ex-EPC para instalar o MAVU, tendo sido encomendado um projecto para o efeito. Mas o novo presidente da cãmara, João Leite (PSD), entende que faz mais sentido instalar o museu num local com grande simbolismo, a ala principal da ex-EPC, com entrada pela antiga porta de armas do quartel onde serviu o capitão Salgueiro Maia.
O presidente da Câmara de Santarém disse a O MIRANTE que a Nersant – Associção Empresarial da Região de Santarém, foi informada das novas intenções do município em relação ao MAVU, acrescentando que estão a ser avaliadas duas hipóteses de localização para o CIES. “O projecto do MAVU não será implementado enquanto não for encontrado um espaço alternativo” para a Nersant, garantiu.
Quanto à mudança de estratégia em relação ao museu, o autarca diz que mereceu concordância por parte das pessoas que constituem a comissão que tem acompanhado o processo. Acrescentou que existem conversações com a equipa projectista no sentido de proceder às alterações necessárias ao projecto, dado o novo cenário. João Leite confessa que sempre achou o novo local como espaço ideal para implantar o MAVU, referindo que há que manter aquele espaço aberto e qualificado. Defende também que será uma obra seguramente menos dispendiosa e menos morosa do que a edificação de um edifício de raiz, com pisos no subsolo que obrigariam a trabalhos arqueológicos por vezes muito demorados.
A estátua de Salgueiro Maia vai também ser transferida para a entrada do futuro museu, mantendo-se o veículo militar no Jardim dos Cravos, como homenagem à coluna militar da EPC que foi determinante para a queda do antigo regime.
Museus em destaque no debate político
A alteração de planos foi deixada no ar por João Leite durante a discussão do orçamento municipal para 2026, tendo o vereador do Chega, Pedro Correia, declarado que seria mais interessante dotar a ex-EPC de um centro de interpretação militar e não do MAVU, alegando que Santarém não teve um papel assim tão importante a nível político no 25 de Abril. Defendeu também a criação de uma galeria de arte de um museu municipal e de um museu nacional da tumulária na cidade.
Por parte do PS, o vereador Pedro Ribeiro considerou que Santarém teve uma participação fundamental na Operação Fim de Regime e que esse papel deve ser exaltado. Já Nuno Domingos afirmou não ser correcto associar o MAVU apenas à participação de Santarém e da EPC no 25 de Abril, referindo que se trata de um projecto museológico que abrange um período temporal desde a Revolução Francesa e que pretende relevar a importância de valores universais como o da liberdade.
O vereador socialista, que teve o pelouro da Cultura no anterior mandato, informou ainda que tem vindo a ser trabalhado o projecto de criação de um centro de interpretação militar na sala multiusos do Convento de São Francisco. Quanto ao museu da tumulária, Nuno Domingos afirmou que há um projecto, “que certamente não será para fechar neste mandato”, defendendo que o túmulo de D. Fernando, actualmente no Convento do Carmo, em Lisboa, devia estar no espaço criado para o acolher, no Convento de São Francisco.
João Leite complementou dizendo que a galeria de exposições e um museu municipal terão lugar na futura Casa das Artes e da Cultura, a implantar no antigo Teatro Rosa Damasceno e edifício contíguo, que serão requalificados.
O MIRANTE tentou contactar o novo presidente da Nersant, Rui Serrano, mas tal não foi possível até ao fecho desta edição..
Falta de financiamento atrasou MAVU
O projecto do MAVU anda a ser falado em Santarém desde 2016 mas o município não o conseguiu criar a tempo do cinquentenário do 25 de Abril, como chegou a ser vaticinado. O município não teve linhas de financiamento directo para a obra, estimada nos 8 milhões de euros. Com a mudança de planos, os custos poderão baixar, segundo afiança o presidente da câmara.
Startup funciona há quase uma década
No dia 6 de Setembro de 2013 a Nersant e o Município de Santarém assinaram um protocolo para a cedência de instalações na ex-Escola Prática de Cavalaria, para a instalação do CIES – Centro de Inovação Empresarial de Santarém/Startup de Santarém. Com o protocolo e a candidatura a fundos comunitários para as obras de requalificação do espaço, no INALENTEJO, foi aprovada a verba de cerca de 213 mil euros. Como constava no protocolo, competia à Nersant o financiamento nacional e obras não previstas. A inauguração foi a 19 de Março de 2016 e as instalações foram ampliadas em 2021.


