Sociedade | 17-04-2022 18:00

55 mil pessoas no Médio Tejo sem médico de família

A directora do ACES do Médio Tejo, Diana Leiria, visitou as instalações do Gabinete de Saúde Oral da Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados de Abrantes, juntamente com o presidente da Câmara de Abrantes, Manuel Valamatos. FOTO – CM Abrantes

Agrupamento de Centros de Saúde precisa de mais 31 profissionais de Medicina Geral e Familiar para dar resposta à vaga de aposentações de clínicos. Um quarto da população do Médio Tejo não tem médico atribuído.

O Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Médio Tejo tem actualmente 24% da população sem médico de família atribuído, cerca de 55 mil utentes, com as aposentações a agravarem um défice que é de 31 profissionais. “Neste momento, temos 55 mil utentes sem médicos de família, o que corresponde a 24% dos utentes inscritos e frequentadores”, disse a directora executiva do ACES Médio Tejo, Diana Leiria.
Essa falta de profissionais, acrescentou a responsável, gera um “impacto enorme” na população e tem sido agravada nos últimos dois anos por um défice entre a entrada de médicos e as saídas por aposentação. Segundo contabilizou, no ano passado houve “22 médicos a sair e apenas nove entradas por concursos” e este ano, “até 1 de Abril já saíram 13 médicos e apenas entraram dois”, sendo “muito difícil fazer face a este défice”.
Diana Leiria falava aos jornalistas, no dia 6 de Abril, à margem de uma visita ao Gabinete de Saúde Oral da Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados de Abrantes, no Centro de Saúde de Alferrarede, e às instalações da Unidade de Cuidados na Comunidade, onde foram realizadas obras de remodelação do espaço interior para a criação de gabinetes para a saúde pública.
No município de Abrantes, o problema da falta de médicos afecta cerca de oito mil pessoas. “Para os oito mil utentes sem médico de família em Abrantes nós temos quatro médicos a trabalhar connosco, três prestadores de serviços e uma médica aposentada que aceitou fazer contrato connosco, ainda que a tempo parcial”, afirmou Diana Leiria.
Esses médicos permitem “manter uma série de extensões abertas” e assegurar “consulta de recurso para todos os utentes sem médico, de manhã e à tarde”, até que se consiga reforçar o quadro clínico, salientou. A solução de recurso aplicada em Abrantes é extensível aos 11 municípios abrangidos pelo ACES Médio Tejo.

Vaga de aposentações este ano agrava cenário
Ainda de acordo com a directora executiva do ACES Médio Tejo, há a previsão de mais aposentações até ao final do ano. “Houve aqui um ‘boom’ nos anos 80 de colocação de médicos, que neste momento estão-se todos a aposentar, e nós aqui no ACES Médio Tejo sofremos muito com isso”, disse. Segundo uma fonte da Administração Regional de Saúde (ARS) de Lisboa e Vale do Tejo, este ano 25 médicos “atingiram ou irão atingir a idade da aposentação” no ACES do Médio Tejo.
“Durante este ano irão ainda decorrer os concursos de acesso à carreira especial médica de Medicina Geral e Familiar, nos quais, certamente, nos irão ser atribuídas vagas que esperamos vir a conseguir preencher. Até lá, temos recorrido quer à contratação de médicos aposentados, quer à prestação de serviços médicos, de forma a chegar ao maior número de utentes e, desta forma, tentar minimizar as dificuldades de acesso à prestação de cuidados médicos”, disse à Lusa a mesma fonte da ARS.

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