Sociedade | 22-06-2022 15:00

Autarcas da Póvoa e Forte da Casa preocupados com degradação dos serviços de saúde

Paulo Barroca, presidente da assembleia de freguesia, diz que a situação dos centros de saúde é bastante grave

Falta de respostas do agrupamento de centros de saúde levou à criação unânime de uma comissão de acompanhamento para reivindicar mais e melhor atendimento clínico. Autarcas dizem que a situação é vergonhosa.

O estado em que estão a funcionar os serviços de saúde da União de Freguesias da Póvoa de Santa Iria e Forte da Casa está a tirar o sono aos autarcas e à comunidade que temem uma ruptura total dos serviços em breve. Por esse motivo, foi criada em assembleia de freguesia a comissão de saúde, associativismo, assuntos sociais e cidadania que pretende acompanhar o problema e ajudar a encontrar soluções. Já reuniu duas vezes com o Agrupamento de Centros de Saúde do Estuário do Tejo (ACES) mas as respostas não tranquilizaram os eleitos que agora pedem para ser recebidos no Parlamento.
A comissão vai pedir para ser recebida também por outras entidades como a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, Ordem dos Médicos e outros representantes de sectores profissionais da saúde. “Estamos a receber imensas queixas da população. É um problema muito grave e há consenso de todas as bancadas de que alguma coisa é preciso fazer”, explica a O MIRANTE Paulo Barroca, presidente da assembleia de freguesia.
O autarca, que também lidera a comissão, explica que do pedido feito aos parlamentares ainda só o Partido Socialista respondeu, marcando audiência para 29 de Junho. Paulo Barroca espera ouvir soluções e não palavras de conforto. “Queremos que apresentem medidas para solucionar um problema que está a agravar-se. É a bancada parlamentar que tem maior capacidade de execução e isso dá-nos alguma esperança”, vinca. Além da dificuldade no atendimento de chamadas, muitos utentes continuam a ter de esperar à porta por consultas de recurso e são cada vez mais os utentes a ficar sem médico de família (ver caixa).
Na última assembleia de freguesia, realizada de forma extraordinária para discutir o problema, todas as bancadas concordaram em produzir uma declaração conjunta onde lamentam a ausência de respostas do ACES e que muitos dos problemas inicialmente relatados pelos autarcas se tenham mantido e havido poucas melhorias. “Lamentamos a ausência de respostas por parte da autarquia e da administração regional de saúde. Mostramos a nossa solidariedade com os utentes que necessitam dos centros de saúde e reafirmamos que esta situação é vergonhosa e não pode continuar”, lê-se no documento.
Também o agravamento do funcionamento do hospital tem preocupado os autarcas. “Tem-nos tirado o sono o que se tem passado no hospital e é algo a resolver rapidamente mas estamos sobretudo focados na nossa freguesia por agora”, conclui Paulo Barroca.

Utentes sem médico vão disparar

Dos dados revelados à comissão de saúde pelo ACES é notada a existência de 10.382 utentes sem médico de família na USF da Póvoa de Santa Iria, mais 3.109 que em Dezembro de 2021. Dos utentes daquela USF, apenas 3.288 têm médico. Há 5 clínicos ao serviço mas a capacidade é para sete.
Na USF do Forte da Casa há quatro médicos ao serviço e uma capacidade para sete. Asseguram assistência a 7.191 utentes, havendo outros 4.386 sem médico e a perspectiva é que esse número aumente em breve. A agravar o cenário está o facto de 2.777 utentes sem médico de família em Vialonga estarem a ser atendidos, em situação de recurso, na USF do Forte da Casa.
Já na USF Reynaldo dos Santos da Póvoa de Santa Iria a capacidade é para seis médicos mas apenas estão quatro ao serviço, assegurando apoio a 9.598 utentes e deixando 1.785 sem clínico familiar.

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