Sociedade | 13-08-2022 10:00

Chamusca continua a viver drama com a falta de médicos no concelho

Executivo da Câmara da Chamusca continua sem resolver problema da falta de médicos no concelho

Concurso público para a contratação de médicos para a Unidade de Saúde Familiar da Chamusca voltou a ficar deserto. Executivo não tem conseguido resolver um problema que se arrasta há vários anos, mas o presidente da câmara diz que há concelhos em condições piores.

Os cerca de sete mil utentes inscritos na Unidade de Saúde Familiar da Chamusca continuam a sofrer com o problema da falta de médicos de família no concelho. Segundo testemunhos de alguns utentes que O MIRANTE ouviu, para se ser atendido no centro de saúde chega a ser preciso esperar 12 horas, sem poder abandonar o edifício, correndo o risco de se perder o lugar.
“Fui para a porta do centro de saúde às 06h00 da manhã e só fui atendido perto das 18h00. Não pude sair, nem sequer para ir buscar comida, se não perdia o lugar. É uma realidade muito triste aquela que se vive há tantos anos na Chamusca”, confessou a O MIRANTE um dos utentes que preferiu não ser identificado. Outra das pessoas ouvidas pelo nosso jornal queixa-se que a mãe tem uma doença oncológica e que não consegue ser atendida por um clínico de forma a ter acesso às receitas médicas para que tenha “mais qualidade de vida e menos sofrimento”.
Como Agosto é um mês em que os horários são reduzidos e os clínicos vão habitualmente de férias, a população da Chamusca teme o pior para as próximas semanas. Na última reunião de executivo, que se realizou na terça-feira, 2 de Agosto, a vereadora Gisela Matias (CDU) questionou a maioria socialista sobre o que está a ser feito para resolver, ou pelo menos melhorar a situação, pedindo ao presidente da câmara para fazer um ponto de situação. Paulo Queimado (PS) admitiu que o cenário é negro e anunciou que o último concurso público para a contratação de médicos de família ficou mais uma vez deserto. Ainda assim, mesmo com as evidências e queixas constantes da população, o autarca afirma que há concelhos no distrito de Santarém com mais dificuldades no acesso aos cuidados de saúde.
A falta de médicos no concelho da Chamusca tem tido repercussões nas freguesias de Ulme, Carregueira, Vale de Cavalos e Parreira, onde estão extensões de saúde sempre, ou quase sempre, sem médico. Muitas vezes são as equipas das juntas de freguesia a assegurar os transportes dos doentes urgentes para a unidade da Chamusca.
Existem cerca de sete mil utentes inscritos na Unidade de Saúde Familiar da Chamusca, segundo dados do Serviço Nacional de Saúde. Mais de 25% dos utentes inscritos, o equivalente a cerca de duas mil pessoas, não tem médico de família atribuído. O problema agrava-se tendo em conta que mais de dois mil utentes têm uma idade superior a 64 anos. O facto de não existirem médicos nas freguesias pode ter efeitos trágicos, sabendo que a população vive isolada, é maioritariamente idosa e pode ter dificuldade de comunicar em caso de urgência.
Os autarcas que fazem oposição ao executivo de maioria socialista têm mostrado a sua preocupação em sessões camarárias e de assembleia municipal. Paulo Queimado tem utilizado sempre o mesmo argumento para responder à oposição: “estou preocupado, mas não há médicos disponíveis”.

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