Sociedade | 23-05-2022 11:59

Edição Semanal. Comerciantes voltam a sorrir com o 13 de Maio em Fátima

Cândido Lopes e a filha Ana. Lurdes Oliveira diz que o 13 de Maio é um balão de oxigénio para o negócio. Gabriel Rios e Sara Mendonça percorreram 111 quilómetros até chegar a Fátima

Proprietários de lojas de venda de artigos religiosos não esconderam a satisfação pelo regresso da grande peregrinação do 13 de Maio a Fátima. A reportagem de O MIRANTE testemunhou a alegria dos lojistas que assumem que os primeiros dias de Maio são um balão de oxigénio para compensar os meses onde o negócio é pouco ou nenhum.

Milhares de peregrinos caminharam com destino ao Santuário de Fátima, no concelho de Ourém, para acompanhar presencialmente a celebração das aparições de Nossa Senhora de Fátima aos três pastorinhos, na Cova da Iria, a 13 de Maio de 1917. Depois de dois anos suspensas por causa da pandemia as comemorações deste ano serviram para aliviar a pressão e as dificuldades financeiras que alguns negócios, nomeadamente os de venda de artigos religiosos, têm sofrido.
Lurdes Oliveira, em conversa com O MIRANTE, não tem dúvidas de que as comemorações do 13 de Maio “são os dias mais fortes do ano e um balão de oxigénio para ultrapassar os meses em que o negócio é pouco ou nenhum”, nomeadamente durante os meses de Inverno. A empresária, de 57 anos, tem uma loja com duas entradas, situada a menos de 50 metros do santuário. É comerciante de artigos religiosos desde criança quando era um dos braços direitos da bisavó. “Nesta loja já trabalharam quatro gerações da nossa família”, conta, com um sorriso no rosto, enquanto mostra ao repórter as centenas de artigos que tem em exposição, segundos antes de interromper a conversa para atender duas turistas estrangeiras, num inglês quase perfeito.
No edifício rosa pardo, que alberga várias lojas de artigos religiosos, está Cândido Lopes, um comerciante que não esquece a altura em que teve de fechar as portas do seu estabelecimento durante cerca de três meses. “Estive mais de três meses totalmente fechado; se o Santuário não funciona, o que está à volta também não”, vinca, sublinhando que a sazonalidade do negócio já não é tão visível como antigamente. “A aposta no turismo no interior tem ajudado a atenuar essas diferenças durante os meses onde era costume haver menos movimento”, sublinha. Ainda assim, conta, no encontro de hoteleiros realizado em Março último, verificou-se que a receita do Santuário caiu para metade nos últimos dois anos, números que, na sua opinião, vão demorar a recuperar.

Resistir ao cansaço pela fé
Crentes de todas as partes do mundo estavam ansiosos pelo regresso da missa de 13 de Maio. As orações foram realizadas em diversos idiomas e os fiéis não arredaram pé apesar do calor que se fez sentir. Resistindo ao cansaço por uma fé inabalável houve quem tivesse caminhado durante uma semana para celebrar as aparições da Nossa Senhora de Fátima aos Pastorinhos.
Gabriel Rios, 41 anos, vai a pé para Fátima desde 2005 e este ano, de mochila às costas, liderou um grupo de 10 pessoas a partir de Coimbra. Atravessaram a Rota Carmelita, um percurso de 111 km desenhado nos concelhos de Coimbra, Condeixa-a-Nova, Penela, Ansião, Alvaiázere e Ourém. O objectivo do desafio foi o de “encontrar o caminho interior”, revela a O MIRANTE
Além da peregrinação espiritual, a rota escolhida acolhe uma grande diversidade de fauna e flora, serras e cursos de água, capelas e espaços históricos que simbolizam as gentes da terra. Sara Mendonça, 36 anos, tem os pés ligados e maltratados pela longa distância percorrida, mas afirma que o “companheirismo e as paisagens da jornada fizeram valer o sacrifício”. Gabriel Rios volta a pedir a palavra para salientar que o objectivo da viagem “não é pedir nada a Deus, mas sim agradecer por tudo o que de bom, e menos bom, aconteceu ao longo do ano”.

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