Edição Semanal. Estátuas Vivas enchem centro histórico de Santarém
Festival decorreu durante o fim de semana e foram muitos os que visitaram a zona antiga da cidade para ver as dezanove estátuas vivas. Comércio colaborou e muitas lojas estiveram de portas abertas.
Dezenas de pessoas juntam-se perto da estátua do ‘Staticman’, alcunha pela qual é conhecido António Santos, que detém um recorde do Guinness Book por ter estado mais de 15 horas imóvel. Os visitantes, sobretudo as crianças mais curiosas, circulam à sua volta para tentar descobrir o truque que faz António Santos levitar. Muitas expressões são de admiração por verem a estátua a ‘pairar’. Mais à frente, a estátua de uma exploradora mexe-se sempre que alguém se aproxima para a observar melhor. Com uma lupa interage com o público. Michaela Schenkel veio da Argentina para interpretar a estátua Mapamundica.
As ruas do centro histórico de Santarém tornam-se pequenas para tantas pessoas que querem ver de perto as 19 estátuas do Festival de Estátuas Vivas – que decorreu entre 5 e 7 de Agosto em Santarém. Maria Santos veio com os dois filhos, de seis e oito anos, e confessa-se encantada com as estátuas. “Está tudo muito bem feito. Algumas estátuas interagem connosco e os miúdos ficam encantados, porque nunca tinham visto este tipo de espectáculos”, afirma a O MIRANTE enquanto tira fotos à estátua de José Relvas.
Braamcamp Freire, Amy Winehouse, Elvis Presley, Charlie Chaplin, A Peixeira ou a Menina de Chocolate são algumas das personagens deste festival a cargo da Quideia, uma empresa de eventos sediada em Alpiarça. Katarina Ferreira e Luís Fonseca, responsáveis do projecto que existe há 14 anos, já trabalhavam na arte dos espectáculos de rua quando se conheceram numa formação em Óbidos e começaram a trabalhar em conjunto.
Nunca lhes passou pela cabeça organizar um Festival de Estátuas Vivas e tudo aconteceu por acaso. Katarina e Luís estavam a fazer a estátua do casal de chocolate, em Tomar. O actual vereador da Cultura da Câmara de Santarém foi visitar o evento e ficou a saber que o casal vive em Alpiarça. “A partir daí reunimos e fizemos os dois primeiros espectáculos antes da pandemia. Tem sido sempre um sucesso. As pessoas aderem muito bem aos espectáculos de rua”, afirma.
“Não existem segredos, temos que aguentar”
Com a estátua do casal de chocolate já percorreram festivais na Roménia, Macedónia, Chipre e Tailândia. Além disso, venceram o prémio Revelação no concurso no Festival de Espinho. Katarina Ferreira garante que não existem truques para se estar horas parado. Os fatos que vestem imitam a plasticidade do material que pretendem imitar. “Não existem segredos, temos que aguentar. A melhor aprendizagem é com a experiência. Também a respiração feita como na meditação ajuda a controlar o corpo e também a mente e torna-se mais fácil”, explica.
Katarina Ferreira confessa que nunca teve vontade de ir à casa-de-banho no momento em que está a trabalhar. “Podemos estar aflitos ou até com uma dor de cabeça, mas, no meu caso, desaparece na hora em que tenho que trabalhar. Muitas vezes a dor de cabeça regressa no final, quando já não estou em pose de estátua. Está tudo na nossa mente”, confessa a artista.