Sociedade | 23-02-2022 18:00

Edição Semanal. Luta de Mário Almeida no Centro de Saúde da Póvoa de Santa Iria deu resultado

Depois de muita luta foi finalmente colocada uma tenda à porta Centro de Saúde da Póvoa

Cidadão dinamizou uma campanha de recolha de assinaturas exigindo melhores condições de atendimento. Junta de freguesia colocou uma tenda à porta do centro de saúde para abrigar os utentes enquanto têm de esperar pelas consultas.

O Centro de Saúde da Póvoa de Santa Iria já tem na porta das traseiras do edifício, desde 10 de Fevereiro, uma tenda colocada pela junta de freguesia que permite abrigar os utentes enquanto esperam para ser chamados para as consultas de urgência. É o resultado mais palpável da luta que um morador, Mário Almeida, tem corporizado pela melhoria das condições naquela unidade de saúde e que passou pela recolha de assinaturas à porta do edifício.
O município de Vila Franca de Xira, em articulação com a União de Freguesias da Póvoa de Santa Iria e Forte da Casa ouviram o apelo do morador e instalaram uma tenda para proteger os utentes. Inicialmente o centro de saúde não mostrou abertura para acolher os utentes pela porta das traseiras mas entretanto o problema ficou resolvido e também o município alargou o horário de funcionamento do estacionamento da Quinta da Piedade para permitir aos utentes usarem o centro de saúde com maior comodidade.
O desfecho aconteceu depois de Mário Almeida, 45 anos, morador na cidade há 25 anos, ter começado a recolher assinaturas para enviar às entidades de saúde reclamando por melhores condições naquela unidade de saúde. Apesar da tenda estar colocada, Mário Almeida garante a O MIRANTE que irá continuar a recolher assinaturas para que sejam colocados mais médicos na unidade porque a tenda apenas resolve um dos problemas.
Já tem mais de 1.200 assinaturas e a recolha continua todos os dias ao final da tarde à porta do centro de saúde. Mário Almeida não tem médico de família e não está ligado a partidos políticos. Motivou-o ter visto, em Dezembro, um grupo de idosos e mulheres com crianças ao colo expostos ao frio e à chuva enquanto esperava por uma vaga nas consultas de urgência para pedir uma receita. “Fiquei revoltado, indignado, apresentei queixa e chamei a polícia”, recorda a O MIRANTE.

“Quando chegar a velho não quero passar por isto”
Mário Almeida teve cancro há 12 anos, do qual conseguiu recuperar, e durante esse período teve médico atribuído durante oito anos. “Depois o médico reformou-se e até hoje nunca mais tive”, lamenta, lembrando que os utentes começam a juntar-se à porta a partir das 16h00 para, com sorte, serem atendidos depois das 20h00. Isto se o médico não faltar ou não se atrasar, o que leva a que algumas pessoas sejam atendidas já perto das 22h00.
É uma “maratona de espera desumana” no entender de Mário Almeida, que apela a mudanças urgentes. “Quando chegar a velho não quero passar por isto e quero tentar ajudar a mudar alguma coisa”, explica. Mário Almeida reconhece que os profissionais de saúde estão expostos a exigências adicionais por causa da pandemia mas considera que a culpa, em última instância, não é deles. “Estão a fazer o melhor que podem. O problema vem de cima”, critica.
A qualidade do atendimento no Centro de Saúde da Póvoa é um tema que também tem preocupado o presidente do município, que já afirmou por diversas vezes estar a acompanhar os problemas daquela unidade de saúde com apreensão. Do Agrupamento de Centros de Saúde do Estuário do Tejo (ACES), até hoje, não se ouviu uma palavra sobre o assunto.

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