Sociedade | 23-02-2022 15:00

Edição Semanal. O treino e o sangue-frio são fundamentais na missão de um bombeiro

Paulo Silva, Jorge Frazão e Sancho Dias são os novos rostos do comando dos Bombeiros Municipais de Alcanena

Paulo Silva foi nomeado comandante dos Bombeiros Municipais de Alcanena a 7 de Fevereiro. Licenciado em Protecção Civil e bombeiro há quase quarenta anos assumiu o primeiro cargo de comando em 1997, como segundo-comandante da corporação de Alcanede.

Em entrevista a O MIRANTE reconhece que tem pela frente uma das missões mais complicadas que já enfrentou e promete trabalho árduo para resolver problemas como a carência de recursos humanos e meios materiais.

Paulo Silva vestiu a farda de bombeiro pela primeira vez em 1985, como voluntário na corporação de bombeiros de Alcanede, concelho de Santarém, de onde é natural. A primeira farda ficava-lhe muito larga, era incómoda, mas era o símbolo de um sonho cumprido, e que ao fim de quase quarenta anos mantém orgulho em envergar. Conta a O MIRANTE que descobriu a sua vocação quando, aos 13 anos, ajudou a apagar um incêndio, que deflagrou junto à vila onde nasceu e reside.
O novo comandante dos Bombeiros Municipais de Alcanena explica a O MIRANTE que na altura os bombeiros de Santarém demoravam mais de meia hora a chegar a Alcanede e, após o incêndio que ajudou a apagar, o presidente da junta solicitou à câmara municipal a criação de um corpo de bombeiros na vila. Paulo Silva fez parte do primeiro grupo de soldados da paz de Alcanede e esteve ao serviço na primeira noite que o quartel abriu, na cave da Associação Recreativa e Cultural de Alcanede: o primeiro serviço que cumpriu foi prestar assistência a uma idosa que se queixava de dores abdominais.
Foi bombeiro em regime voluntário até 1997. Quando foi nomeado segundo-comandante dos Bombeiros de Alcanede tornou-se profissional. Em 2004, após discordâncias com o comandante e o presidente da associação humanitária de Alcanede percebeu que o projecto da direcção da associação e do comandante já não o incluía. Como preferiu ser “sempre parte da solução e não do problema” abandonou a corporação, rumando aos Bombeiros Municipais do Cartaxo, onde serviu até 2020, ano em que assumiu funções de coordenador da protecção civil em Alcanena. Em Abril de 2021 foi nomeado segundo comandante distrital de Santarém e dez meses depois, em Fevereiro de 2022, assumiu o cargo de comandante dos Bombeiros Municipais de Alcanena.

“O medo não pode existir no vocabulário de um bombeiro”

Quase a cumprir 40 anos de serviço Paulo Silva é um homem que já passou por muito com a farda vestida. O perigo é algo com que os bombeiros têm de conviver no desempenho da missão. A experiência ensinou-o a preparar-se para encontrar sempre o pior. O treino e a preparação são ferramentas fundamentais para um bombeiro contornar o medo.
O comandante ilustra a ideia com a pior situação que viveu enquanto bombeiro: durante o combate a um incêndio, perto de Abrantes, ele e os seus homens viram-se cercados pelas chamas, após uma descarga mal efectuada por um meio aéreo ter projectado chamas para a retaguarda de onde se encontravam. Paulo Silva conta que as duas viaturas a que tinha acesso estavam com problemas: uma já não tinha água e a outra tinha a bomba avariada. O treino e o sangue-frio fizeram a diferença entre a vida e a morte e os operacionais lá conseguiram abrir caminho por entre as chamas alcançando uma zona segura.
Voluntários na opção e profissionais na acção
Para que situações como esta tenham desfechos idênticos os Bombeiros Municipais de Alcanena vão ter treinos intensos que os vão preparar para os desafios que poderão enfrentar em missões de socorro. Ainda assim considera que há a necessidade absoluta de manter a atenção a sinais de um eventual bloqueio por quem está a prestar socorro porque, refere, “por trás de um bombeiro está um ser humano que pode precisar de ajuda como qualquer outro”.
O corpo dos Bombeiros Municipais de Alcanena é composto por elementos profissionais e por elementos voluntários. Mas o novo comandante não faz distinção entre as duas vertentes. “Já estive dos dois lados e sei que são voluntários na opção e profissionais na acção” acrescentando que num teatro de operações não tem qualquer problema em trabalhar com profissionais ou com voluntários. A mesma ideia aplica-se a homens e mulheres. O comandante considera que não se pode distinguir entre homens e mulheres dentro dos bombeiros e que vai trabalhar para conseguir tanto mulheres como homens para as fileiras do quartel. “Quero elementos com capacidade e destreza e acima de tudo, poder explorar o melhor de cada um em prol da missão”, vinca o comandante Paulo Silva.

A nova equipa de comando

Os novos elementos do comando dos Bombeiros Municipais de Alcanena tomaram posse no dia 7 de Fevereiro em cerimónia realizada no quartel. Paulo Silva, ex-segundo comandante distrital, assumiu o posto de comandante da corporação. O anterior comandante, Jorge Frazão, fica como segundo comandante com a missão de ajudar Paulo Silva nesta transição de liderança. O adjunto do comando é Sancho Dias.

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