Sociedade | 17-07-2022 21:00

Edição Semanal. Oposição denúncia a presença de esgotos perto de praia fluvial em Constância

Praia Fluvial de Constância é bastante procurada por turistas e pela comunidade. Esgotos estão a correr para as águas do rio Zêzere

A CDU tomou posição sobre um projecto que tem suscitado polémica na vila. Perto da zona balnear no rio Zêzere descarregam, no rio Tejo, esgotos domésticos sem tratamento.

A CDU de Constância manifestou a sua “perplexidade” pela decisão da maioria socialista que gere o município em criar uma praia fluvial no Zêzere este Verão, tendo em conta as obras em curso de requalificação da avenida que dá acesso à margem do rio e, sobretudo, por causa dos esgotos sem tratamento que correm a céu aberto no rio Tejo junto à confluência dos dois rios, não muito longe da praia.
Na sua página no Facebook, a CDU diz que “certamente o município terá as análises das águas em conformidade com a legislação”, mas lembra que “quando o caudal do Zêzere é baixo (o que tem acontecido permanentemente durante este Verão) e o leito do Tejo é alto, a sua corrente obriga ao refluxo para o Zêzere, arrastando os esgotos da vila contaminando assim as águas balneares”.
Reconhecendo que a praia fluvial seria uma mais-valia para a vila de Constância em circunstâncias normais, a CDU, que é a única força da oposição no executivo camarário, questiona se “não seria uma atitude mais responsável aguardar pela conclusão da obra da conduta de esgotos de ligação à ETAR da Caima, de forma a não colocar em causa a saúde dos utilizadores da praia fluvial”.
Tal como O MIRANTE noticiou, a Câmara de Constância inaugurou, no domingo, 10 de Julho, uma praia fluvial perto da foz do rio Zêzere, não muito longe de um ponto de descarga de esgotos domésticos no rio Tejo, junto à confluência dos dois rios. As águas do Zêzere foram consideradas com qualidade para zona balnear pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA) mas há quem desconfie dessa classificação tendo em conta o que se vê à vista desarmada a poucos metros, no rio Tejo, onde há pelo menos dois pontos de descarga de esgotos sem tratamento.
Uma situação que se deve à ruptura, há já alguns anos, do emissário que encaminhava os efluentes domésticos da vila para a ETAR da fábrica da Caima. O reduzido caudal que o Tejo tem registado pôs a nu essa triste realidade, que o município pretende eliminar em breve com a instalação de um novo emissário.
Tal como noticiámos na última edição semanal de O MIRANTE, o presidente da Câmara de Constância, Sérgio Oliveira, disse ao nosso jornal que as descargas de esgotos no Tejo não têm influência na água do Zêzere. “Caso a água não tivesse qualidade não existiria praia fluvial, são realizadas análises mensais há mais de 2 anos”, afirma o autarca, reiterando que a construção de um novo emissário para conduzir os esgotos domésticos de Constância para serem tratados na ETAR da Caima, na outra margem do Tejo, já tem contrato assinado e a obra terá inicio nas próximas semanas.

Cidadão duvida da qualidade da água

Rui Pires, ex-vereador do município formado em Engenharia Química, é um dos que tem dúvidas acerca da qualidade da água do rio Zêzere para fins balneares e deixou-as expostas na fase de consulta pública da proposta de lista de águas balneares em 2022, tutelada pela APA (ver última edição de O MIRANTE). O cidadão sublinha que nos últimos tempos têm-se visto esgotos domésticos da vila a correr a céu aberto directamente para a zona da foz do Zêzere e questiona como é que se garante que esses esgotos não afectam a qualidade da água da praia, até porque o caudal do Tejo é instável, galgando por vezes contra a corrente do Zêzere.
Perante esse cenário, Rui Pires escreveu no final de Junho à directora da Administração da Região Hidrográfica do Tejo e Oeste pedindo esclarecimentos sobre o processo de classificação das águas balneares no rio Zêzere em Constância. Entre outros pontos, questionou se a sua participação foi tida em consideração; em que ponto do rio Zêzere foram recolhidas as amostras de águas para análise; e se os técnicos colectores não se aperceberam do lançamento e presença de esgotos domésticos nas proximidades.

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