Impactos da co-incineração na Póvoa, Forte da Casa e Vialonga alvo de estudo
Instituto de Saúde Ambiental da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa está a promover um estudo sobre os impactos na saúde da laboração da incineradora de São João da Talha, em Loures, que também abrange algumas freguesias do concelho de VFX.
Viver e trabalhar perto da Central de Tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos de São João da Talha (Loures) da Valorsul pode ser mau para a saúde? É isso que um grupo de investigadores do Instituto de Saúde Ambiental da Faculdade de Medicina, da Universidade de Lisboa, está a tentar perceber e a comunidade da Póvoa de Santa Iria, Forte da Casa e Vialonga está a ser convidada a dar os seus contributos.
O estudo abrange também a população de Sacavém, Prior Velho, Santa Iria da Azóia, São João da Talha e Bobadela. “O que queremos perceber é que impactos a incineração poderá ter nos índices de morbilidade e mortalidade da população. Queremos estabelecer um perfil de doenças e mortes na região exposta à incineração em comparação com outras ao longo do tempo”, explica a O MIRANTE Osvaldo Santos, investigador responsável pelo estudo.
O também professor de medicina explica que todas as evidências globais apontam para a inexistência de consequências para a saúde provenientes da incineração desde que os valores das emissões sejam mantidos nos limites legais. E, ao contrário do que muita gente pensa, não é só quem vive perto de uma incineradora que está exposto: também quem reside nas proximidades, como é o caso das localidades a sul do concelho de Vila Franca de Xira.
“Para nós é interessante, do ponto de vista científico, ver como é que as coisas evoluem para as pessoas expostas a estes agentes tóxicos e contaminantes ao longo do tempo, mesmo em doses pequenas. É uma pergunta para a qual estamos a tentar encontrar resposta”, explica.
Os moradores são convidados a participar num questionário confidencial, gratuito e anónimo que está disponível online e pode ser preenchido por pessoas de idade superior a 18 anos e residentes naquelas freguesias há pelo menos seis meses. A participação está aberta até final de Outubro e Osvaldo Santos espera ter os resultados preliminares prontos no final do ano.
“As incineradoras devem ter uma monitorização dos impactos que causam na saúde pública. Esta é a primeira vez que estamos a analisar a percepção real de risco por parte das pessoas. Antigamente fazíamos sobretudo um exercício com números”, explica o investigador.