Insolvência da Fabrioleo desperta Governo para riscos ambientais
Ministério do Ambiente e APA começam finalmente a intervir na resolução do passivo ambiental da fábrica de óleos vegetais desactivada. Além de consecutivos derrames de águas ácidas para a via pública, as paredes da ETAR onde estão armazenados milhares de litros de líquidos tóxicos começaram a ruir devido à corrosão, alerta o movimento Basta.
O avanço do desmantelamento dos 13 depósitos e da ETAR da Fabrioleo está agora nas mãos da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), que vai fazer análises aos líquidos tóxicos ali armazenados para que se possa definir a melhor forma de avançar com a sua demolição. A informação foi avançada pelo presidente da Câmara de Torres Novas, Pedro Ferreira, em reunião do executivo municipal, que adiantou que o Ministério do Ambiente já solicitou as chaves da empresa de óleos vegetais localizada em Carreiro da Areia.
Esta acção do Governo, que até então ainda não tinha tomado uma atitude concreta para a eliminação do passivo ambiental ali existente, vem na sequência da insolvência da fábrica que em Abril de 2021 foi multada pela APA em 400 mil euros por contra-ordenações ambientais muito graves. A entrada em insolvência, vincou Pedro Ferreira, levou o Governo a alterar a sua visão em “relação à perigosidade para a saúde pública” que permanece no interior dos depósitos.
O presidente do município deu ainda a saber que após uma reunião com o ministro do ambiente e da Acção Climática, Duarte Cordeiro, na qual estiveram também presentes o vereador do ambiente, João Trindade e o coordenador municipal de Protecção Civil, ficou assente que iria haver uma “acção musculada junto da empresa” para se traçar o plano técnico de acção tendo em vista a anulação dos efeitos nocivos para a população e meio ambiente.
Antes desta decisão do Governo, recorde-se, já estava em marcha um processo para desmanchar os depósitos, no âmbito de uma acção judicial por parte de um credor. Embora ainda não esteja definido que entidades vão custear o desmantelamento dos depósitos, sabe-se que o valor poderá vir a ultrapassar o milhão de euros.
Movimento Basta alerta para derrames e corrosão das paredes da ETAR
O movimento Basta que tem vindo a alertar desde há sete anos para os perigos ambientais provenientes da Fabrioleo, entre os quais as descargas de líquidos ácidos para a ribeira da Boa Água, diz que a “ETAR se está a desmoronar”, tendo já caído muitas das protecções laterais por corrosão do metal”.
Além do perigo que representa o desmoronamento, o movimento denuncia ainda que têm ocorrido derrames de “águas ácidas” provenientes dos depósitos verticais que se encontram no interior da fábrica. No último sábado de Maio foi visível o “rasto negro” de um líquido desde o interior da empresa até à via pública.
Já em Abril, recorde-se, foi tornado público pelo presidente do município que tinha havido um derrame, alegadamente, porque alguém entrou na fábrica – que se encontra desactivada – e abriu uma das torneiras de um dos depósitos. A GNR, bombeiros, protecção civil e departamento de obras do município estiveram no local.